Nas trapaças da vida, a sorte de Lula é o resgate da impunidade

O ex-presidente Lula. Foto Orlando Brito

A expectativa geral é de que hoje seja o Dia D de Lula, mesmo que nem seja tão decisivo. Se ninguém pedir vista, ele deve ser julgado, em segunda instância, no processo em que foi condenado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pelo juiz Sérgio Moro.

Lula responde a uma penca de inquéritos e processos. Por conta da denúncia sobre o tríplex no Guarujá, está hoje, de novo, no banco dos réus. Com ele, a turma da OAS, que confessou ser o tal apartamento e seu upgrade, com elevador exclusivo, pagamento de propina a Lula.

Todos vão ser julgados pelos desembargadores do TRF-4, responsáveis legais por todos os recursos contra as decisões de Sérgio Moro na Operação Lava Jato.

Esse é um enredo conhecido. Seria rotineiro em todo e qualquer regime democrático.

Por aqui, é uma novidade.

A regra sempre foi a impunidade.

A exceção sempre foi fruto de exceção.

Desde a Independência do Brasil, os poderosos são depostos, golpeados, presos, exilados…

De um jeito ou de outro, sempre pela força.

Lula, gostando ou não, vive a experiência inédita de ser o primeiro ex-presidente da República penalmente punido por regras republicanas. Depois de investigado pela Polícia Federal, denunciado pelo Ministério Público, ele foi condenado por corrupção pela Justiça Federal.

Até Fernando Collor, com toda sua folha corrida, chegou a esse estágio.

Lula nem pode reclamar.

Collor é beneficiado pelo foro privilegiado que Lula, durante seu longo reinado, sequer triscou.

Quando Dilma Rousseff, como sempre atrasada, quis incluí-lo nesse bonde da impunidade, Sérgio Moro barrou.

Desde então, Lula virou um igual do ponto de vista legal.

Seria ideal se fosse real.

Pela ordem jurídica, é o cidadão Lula, não o mito, quem está sendo julgado.

Lulistas de todos os naipes sequer admitem o julgamento.

De antemão, já condenaram os juízes de Porto Alegre. Nos discursos do próprio Lula, de dirigentes petistas e da militância nas redes sociais, os desembargadores estão sendo pressionados, ameaçados e crucificados antes mesmo de exercerem o ofício profissional e constitucional que a democracia lhes outorgou.

Essa profusão de bravatas, puxada por Lula, quer exibir coragem, mas mal esconde o medo de petistas, e políticos de todos os naipes envolvidos em corrupção, de encarar a cadeia.

A conferir.

 

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