Imigrantes brasileiros à beira de um ataque de nervos

Voando para fora. Foto Orlando Brito
Um  enunciado que, de tanto se redizer, já se tornou uma crença acolhida  por quase todos é a de que,  “o Brasil não tem futuro. Vá embora enquanto é tempo”. Essa léria não é somente escorada pelos pessimistas de plantão e  pelas decisões dos barnabés que ocupam os Três Poderes.
A crise política (leia-se  recessão econômica) provoca recessão encefálico.
O usuário do Facebook acha que tudo está péssimo, e a única saída é  arrumar as trouxas e se mudar de mala e cuia para os Estados Unidos.
Não nos iludamos, não há saidas mágicas.
Os brasileiros se mudam para os Estados Unidos  porque o país é  visto como uma terra cheia de oportunidades de emprego e chances de prosperidade.
A realidade que não se vê  na tela da Globo: brasileiros e brasileiras, que vendem a sua força de trabalho, corpos e mentes em troca de míseros dólares.
É inverno no hemisfério norte. Uma onda de frio castiga grande parte dos Estados Unidos, e,  por tabela, os imigrantes do Arraial de Michel Temer.
As baixas temperaturas são responsáveis pelo aumento do consumo de bebidas alcoólicas e drogas nas comunidades de estrangeiros em solo americano. Outro fator alarmente é o aumento do números de pessoas que sofrem de depressão sazonal, típica no inverno dos países do hemisfério norte. O president Trump, a saudade, o gelo, a indiferença e o preconceito empurram a comunidade de estrangeiros para um estado depressivo.
Sem a devida terapia, e medicação adequada, os estrangeiros encontram na bebida e nas drogas os melhores companheiros das horas geladas. Segundo a Quantum American Society, cerca de 65%  dos brasieliros nos Estados Unidos, são dependentes de álcool e drogas.
O inverno rigoroso , que vem  castigando  os Estados Unidos, assusta os profissionais da área de saúde que atuam nas comunidades de estrangeiros. A saudade  e o frio castigam mais do que o medo de ser preso pela polícia de Imigração (ICE) .
Gonçalves Dias com o poema “Canção do Exílio” registra os sentimentos de milhares de exilados brasileiros nos Estados Unidos. O poema tem como principal marca o saudosismo, o desejo por algo que está longe. Saudosismo e desejo são inflados pela idealização do país, uma imagem bem estigmatizada do Brasil, e até um pouco fantasiosa, pois já foi comprovado que sabiás não cantam nas palmeiras, apenas pousam nelas e dólares não crescem em árvores nas cidades americanas.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá
Canção do exílio – Gonçalves Dias
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