A delação informal e seletiva de Eduardo Cunha

Eduardo Cunha - Foto Orlando Brito

É forte a inquietação de aliados e adversários em Brasília a respeito do comportamento do ex-deputado Eduardo Cunha. Suspeitam que, lá de São José dos Pinhais (PR), onde está preso, ele ande aprontando. Apesar de não ter conseguido negociar um acordo de delação premiada com o MPF – mais pela resistência dos procuradores do que por falta do que dizer – , o que se comenta por aqui é que Cunha estaria abastecendo os investigadores com informações e provas, num sinal de boa vontade, uma espécie de acordo antecipado.

Teriam partido de Cunha alguns elementos que deram base a operações e investigações envolvendo, por exemplo, os peemedebistas e a Caixa Econômica Federal. Como não se trata de um acordo formal, seria uma delação seletiva. Neste momento, Cunha entrega quem ele quer, e como quer. E pode poupar alguns amigos – o que não quer dizer que, no futuro, não possa entregá-los em outras circunstâncias, com uma possível formalização do acordo.

Mas o arranjo informal, que poupa os procuradores e o juiz Sérgio Moro de ficar mal na foto da opinião pública por fazer concessões e até soltar o inimigo número 1 do país, viria sendo útil também para o ex-deputado. Conseguiu, por exemplo, que sua mulher, Claudia Cruz, fosse absolvida por Moro em um dos processos em que era acusada de lavagem de dinheiro.

Ao mesmo tempo, Cunha sumiu do noticiário de denúncias e condenações – situação diferente da de outros companheiros, como Sérgio Cabral, quase diariamente denunciados ou condenados. Como muitos observam por aqui, o ex-presidente da Câmara anda meio esquecidinho das autoridades da Lava Jato.

Por isso, Cunha estaria quieto e colaborativo. E todo mundo que conviveu com ele morrendo de medo.

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