Bolsonaro continua a desenvolver sua campanha para convencer todas as autoridades do mundo, e quem mais for possível, de que a eleição de outubro, no Brasil, será realizada sob a batuta da corrupção. Irregularidades que viriam de onde, segundo o presidente? Da própria justiça eleitoral. E o objetivo? Impedir que ele seja eleito presidente pela segunda vez.
Em defesa de sua tese tão absurda, o presidente em fim de mandato não faz cerimônia. Onde for ele solta a bombinha de traque: “a Justiça Eleitoral brasileira está fazendo de tudo para eu ser derrotado”. O Brasil tem hoje um dos mais perfeitos sistemas de votação eletrônica, testado inúmeras vezes e elogiado pelos especialistas de todo o mundo.
Não adianta. O presidente, para onde vai, espalha a sua tese da falta de segurança no sistema eleitoral brasileiro. Mesmo em conversas com autoridades e dirigentes de outros países ou em entrevistas, solta o verbo. É uma vasta campanha para impedir minha reeleição, costuma dizer. Mas estou atento e com mecanismos de defesa, adverte.
Quanto mais as pesquisas indicam sua perda de popularidade, mais ele – o presidente – aumenta a campanha de desmoralização do Tribunal Superior Eleitoral. E para onde vai amplia seus comentários sobre a insegurança de nossas eleições. Um chato, a bem dizer. Sempre falando em golpe, que na verdade seria o seu remédio antecipado contra a derrota eleitoral.
Para onde vai arrasta essa lenga-lenga. O presidente passa a impressão de que carrega cartões informativos sobre a corrupção eleitoral, para colocar no bolso das autoridades que o visitam. Nem que sejam estrangeiras. Importante é passar a ideia de que há fraude. Nas motocicletadas também distribui mensagens de caráter popular, alertando contra os riscos da (in)justiça eleitoral.
E lá vai ele, querendo vencer na marra, com seu esquadrão de evangélicos, eleitores fanáticos e os grupos de fascistóides. Além de parlamentares cassados mas perdoados por ele, o presidente da República. Tão bonzinho! A votação tem que ser auditável, insiste, preocupado com sua reeleição. Auditável, auditável, repete.
Há pouco tornado internacional, com excursões à Rússia, Estados Unidos – parada de descanso para passeio de moto em Miami – com todos que falou deixava cartão com os dizeres: Eleição Auditável. Ninguém sabia do que se tratava. Não há outra forma de eu ser derrotado, acredita o presidente daqui.
Bolsonaro falou com Putin, Biden, todas as estrelas que apareciam em sua frente. A eles não pôde entregar o cartãozinho com o lembrete porque ambos estavam a metros de distância do outro, nas mesas intercontinentais hoje usadas para conversas de presidentes. Breve haverá um robôzinho para levar bilhetes de um para o outro.
A eleição está chegando mas não empolga. Sequer os candidatos. Os mesmos de sempre, piorados. Pobreza de espírito, de ideias, de competência. Riqueza de falatório, pretensões e falsidades. O processo de eleição e a justiça eleitoral estão testados e com ampla aceitação. Será melhor fazer uma rigorosa auditagem em todos os candidatos.
José Fonseca Filho é jornalista