No momento em que o mundo despertava para o ano de 2020, os Estados Unidos decidiram atear mais querosene na fogueira do conflito no Oriente Médio, com o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani, líder da força de elite da Guarda Revolucionária (Quds).
Soleimani, de 62 anos, era general da Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, e conhecido como o cérebro por trás da estratégia militar e geopolítica do Irã. Ele era uma versão persa do finado general Golbery do Couto e Silva. O líder iraniano, amado e odiado por milhões, era muito próximo do aiatolá Ali Khamenei e escapou vivo de inúmeros ensaios de assassinato nos últimos anos.
O homicídio do general iraniano foi a primeira jogada de Donald Trump para desviar a atenção da opinião pública do processo impeachment e tentar ser reeleito nas próximas eleições. Americanos, leiam-se democratas e republicanos, adoram a ideia de “propagar a democracia” pelo planeta.
Se conseguir demonstrar, com atos, que o governo americano é o guardião da democracia mundial, terá ganho os votos necessários para renovar o contrato de aluguel da Casa Branca até janeiro de 2025. Caso contrário, o apoio da maioria dos eleitores com que conta no momento se esgotará rapidamente.
É bom lembrar que foi da mente maquiavélica do presidente democrata, Lyndon Baines Johnson, que saiu o plano estratégico de desestabilização das democracias na América Latina, principalmente a brasileira em 1964, que desencadeou um efeito dominó sangrento e odioso na região: no Uruguai e no Chile em 1973, e na Argentina em 1976.
A arrogância com que Donald Trump trata os adversários políticos, a maioria dos países árabes e da América Latina, aí, vem batendo verdadeiros recordes, como ocorreu nos últimos anos com a “estranha amizade” com o presidente russo Vladimir Putin. Este sarcasmo malévolo, que não respeita à Constituição dos EUA, somou-se com o apoio da comunidade cristã. “Acho que ele é o enviado de Deus para salvar o povo americano”, confessou o secretário de estado americano, Michael Richard Pompeo, que se encontra de malas prontas para abandonar o governo Trump.
O que exaspera o incauto cidadão comum que paga impostos e respeita às leis é a tradição secular do Tio Sam de considerar que uma das suas funções é zelar pela democracia em todo o planeta. O dinheiro público não é para isso, nem os governantes podem arrogar-se o direito de usar a seu bel prazer os recursos do país.
Os democratas têm dois desafios pela frente: a missão quase impossível de derrotar o “Salvador da Pátria” nas urnas em novembro e de reconstruir a democracia americana.
Quando Donald Trump deixar a Casa Branca, em 2021 ou em 2025, o país estará ainda mais dividido, as instituições democráticas desmoralizadas, e com uma classe média mais pobre, além de um mundo em desordem, em chamas e caos total.