Espera-se uma derrama de votos em Ciro Gomes ao logo do dia. Quem passasse ontem à noite nos bares da classe média das grandes cidades veria o zum-zum da migração em massa para o ex-governador do Ceará. Nas redes sociais, os celulares não paravam de plimpar. No final deste domingo se saberá a quanto chegou essa revoada, mas o certo é que a mudança não chegará para tirar Fernando Haddad do segundo turno.
A empresa de pesquisa Datafolha captou esses movimentos no Sudeste, mais fortemente nas capitais, entre segmentos das classes altas e intelectualizadas. Seria o sentimento de que Haddad não venceria Jair Bolsonaro no segundo turno. Um voto útil ao contrário de simpatizantes do candidato petista, mas não militantes do partido. Estes permanecem firmes e fortes ao lado do indicado de Lula.
Segundo estes mesmos analistas, essa mobilização do eleitorado não tira votos do candidato do PSL, pois o troca-troca se dá no campo da esquerda ou adjacências, atingindo pessoas assustadas com a vitória tida como certa do capitão, uma vez que Haddad não teria condições efetivas de ganhar a eleição no segundo turno. Esta era a falação nos bares da Vila Madalena, Leblon, Savassi e Moinhos de Vento, ou também em outras zonas boêmias de intelectuais e artistas das capitais. Nas bases essas reviravoltas não foram detectadas pelos institutos.
Seja como for, o despertar do eleitorado potencial de Ciro Gomes chega tarde. Falta tempo para cobrir o hiato formidável que separa o candidato do PDT do segundo colocado. Não há tantos letrados arrependidos no Brasil. No eleitorado disponível, dizem Datafolha e Ibope, chegariam a entre 20 e 28% dos inscritos que ainda não definiram candidato. Esses técnicos das enquetes ponderam que se todos esses forem votar, devem se dispersar entre todas as candidaturas. Não dá para contar com eles para tal virada. Ciro Gomes, entretanto, vai roer as unhas o dia inteiro, pois só se saberá no que deu a chamada “onda” depois que se abrirem as urnas. A expectativa é que o cearense repita aqui na América do Sul o feito de Emmanuel Macron, na França, que virou o jogo uma noite de véspera. Haja coração!