Nursultan Nazarbayev, líder máximo do longínquo Cazaquistão, renunciou ao cargo no dia 19 de março, após quase 30 anos de poder quase absoluto. Sai de cena deixando uma lição para déspotas, presidentes e ex-presidentes. Nunca converse sobre assuntos sigilosos fora da sauna. Grampo? Só o meu.
Michel Temer que o diga. Foi gravado na garagem do Palácio do Jaburu por Joesley Batista em plena Lava Jato. Talvez, se tivesse tido “uma conversa sigilosa” com Nazarbayev, não terminasse no ocaso e preso.
O Cazaquistão tem cerca de 18 milhões de habitantes e é o nono maior país do mundo em extensão territorial. Tornou-se independente com o fim da União Soviética. Antes era uma das 15 “repúblicas” soviéticas. Quem mandava mesmo era a Rússia.
Nazarbayev foi secretário-geral do partido comunista local na era soviética. Vinha se perpetuando no poder desde então em reeleições sucessivas, na qual sempre obtinha mais de 90% dos votos.
O líder cazaque também ficou conhecido por viajar a Washington para se queixar sobre o filme Borat, comédia do ator britânico Sacha Baron Cohen, que o retrata de forma caricata. Agora, como auto-homenagem, batizará a capital do país como Nursultan.
* Luís Eduardo Akerman é jornalista e analista de política exterior. Ex-editor de Internacional do Jornal de Brasília.