Bolsonaro nomeia Pazuello e se vinga do Exército da punição por indisciplina

Desde que assumiu a presidência da República, Bolsonaro sempre demonstrou total desrespeito ao código de conduta dos militares. Para ele, o que vale é a fidelidade canina ao seu projeto de poder

Jair Bolsonaro e o general Eduardo Pazuello - Foto Orlando Brito

As vésperas de o Comando do Exército decidir se pune o general Eduardo Pazuello por  sua participação em manifestação política ao lado de Bolsonaro, o Diário Oficial da União desta terça-feira trouxe um recado claro do presidente da República aos militares: danem-se o código de conduta e a disciplina, que é um dos pilares das Forças Armadas.

Ao nomear seu ex-ministro da Saúde para o cargo de secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Bolsonaro não apenas quis demonstrar sua gratidão ao mais servil dos auxiliares. Na verdade, ele provou seu total desprezo pelas instituições e mostrou sua intenção de ver os militares se dobrarem aos seus desejos.

Como presidente da República e, portanto, chefe das Forças Armadas, Bolsonaro deixa claro que não está nem aí para os códigos de conduta dos militares, menos ainda para o respeito à disciplina. O que ele quer mesmo é mostrar que é ele quem manda.

Bolsonaro com os generais Paulo Sérgio e Pujol, atual e ex-comandantes do Exército

Há tempos Bolsonaro vem afrontando os militares e desmoralizando suas regras, colocando-os em campo minado. Em troca, acena com cargos no governo e aumentos polpudos em seus “soldos” burlando a legislação vigente, como a recente portaria que autoriza servidores federais aposentados e militares da reserva a receber salários acima do teto constitucional.

O sonho de Bolsonaro é se garantir no poder com o apoio das Forças Armadas. Desde que assumiu ele fala em “meu exército” e sinaliza seu desejo de golpe. Por vários motivos, até agora sem sucesso. Sua aventura não tem apoio da população e nenhuma das instituições da República. Sequer entre os próprios militares, tão bajulados por ele. Lá também criticado o seu caráter indisciplinado, e até o sadismo de suas humilhações de quem está sob de comando. Mas isso é apenas um aspecto relevante da questão.

Por mais que alguns, até por desilusões no passado. duvidem, a democracia está enraizada no Brasil. Serviu também como vacina aqui e em outros países democráticos a surra que o deslavado golpismo de Donald Trump, modelo e guru de Bolsonaro, tomou nos Estados Unidos. O blá blá blá de que aqui será pior, se ele perder a reeleição em 2022 na segura urna eletrônica, como todas as pesquisas indicam, é puro delírio.

 

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