O futuro senador pelo PSL, Flávio Bolsonaro, precisa explicar as acusações contra si e, sem dúvida, é um risco para a estabilidade do governo e das reformas, pois há até setores do partido bolsonarista querendo ver o filho presidencial pelas costas. A troco de quê?
Aposto numa em especial: ser ou não ser sistema político. Sim, sobretudo na futura bancada pesselista na Câmara tem muita gente querendo se entender com a velha política, com alguns pêndulos em torno de realizar tal acerto com mudanças nas lideranças do jogo.
Flávio defende, na casa em que vai atuar a partir de primeiro de fevereiro, o voto aberto e a eleição da mesa com um viés antiestablishment. A ponto do candidato à presidência do Senado, Renan Calheiros, ter feito gestos em direção ao governo usando não só a reforma previdenciária, mas o caso Queiroz.
O fato de estar no olho do furacão por supostas práticas não muito estranhas à rencas de vereadores, deputados estaduais e federais, e senadores, isso não ofusca o mérito das propostas que Flávio defende para o caso da mesa do Senado. Se ele tem clareza ou não dessas consequências estratégicas para seu pai ou se apenas anima a maioria da opinião pública são outros quinhentos. O fato é que Bolsonaro não pode perder a marca anticorrupção sob pena de desidratar e terminar refém de Brasília (num semi-parlamentarismo oficioso?) e desmoralizado entre seu eleitorado. Impopular, não terá como medir forças com o espírito do presidencialismo de coalizão pela cooptação para a aprovação das reformas no mérito e em custo. No entanto, se a situação de Flávio já abre flancos para fantasmas de CPIs com estes objetivos supracitados, há coisa mais danosa no horizonte.
Setores do governo estimulam as candidaturas de Simone Tebet, do MDB, e de Davi Alcolumbre, do DEM como alternativas a Calheiros. Dois nomes que são tão anti-Renan que se assemelham com ele em imagem, basta que os que querem pôr de joelhos qualquer bolsonarismo percebam. E já devem tê-lo feito. A revista Crusoé relata que o senador do Amapá é suspeito de ter emitido notas frias em 2014, foi grampeado pela PF numa conversa com Fayed Traboulsi, “o doleiro mais influente de Brasília”, e responde ao inquérito 4353 por crimes eleitorais. Assim como Rodrigo Maia, pode arrastar até parcelas da esquerda consigo e fechar uma dobradinha do DEM no comando das duas casas. Já a emedebista, responde à ação civil por improbidade administrativa e por dano ao erário, além de satisfazer o núcleo temerista.
Com isso, Bolsonaro, sob uma tacada só, pode se desmoralizar com seu eleitorado, neutralizar Sérgio Moro e ser derrotado, pois nada garante, principalmente, que Alcolumbre vença um Renan vitorioso no MDB ou efeitos colaterais do celeuma na legenda.
Isso não é um chamado “deixem o soldado marchar!”, é um singelo alerta ao governismo. “Pelo jogo”, como diria Gordon Gekko. Se na Câmara, até segunda ordem, o PSL já embarcou com Maia, no Senado é possível reformar as lideranças do sistema político e ter uma presidência sinérgica com o bolsonarismo? Se a resposta for sim, Flávio é uma peça-chave.
Quando a economia vai bem para as faixas de média e baixa renda, há mais tempo e paciência. Com o PT, tudo começou com um vídeo que mostrava o então funcionário dos Correios Maurício Marinho recebendo dinheiro de empresários… O que foi a emenda da reeleição perto do Rodoanel e do Metrô (segundo o MP). É uma tendência? A ver. Contudo, herança de Temer, o capitão começa 2018 com 500 mil vagas de empregos, o melhor índice desde 2013, ano de inflexão do lulismo; a menor prévia da inflação para janeiro desde 1994 (o ano master do Real) e o montante de reajuste de salários superior ao Dragão.
De firehosing em firehosing, é útil à gestão não acabar engolida pelo estratagema.
Em tempo – Risco Moral: “Os grandes bancos americanos foram socorridos em larga escala pelo dinheiro público após a quebra do Lehman Brothers. Um dos instrumentos mais efetivos para isso foi o Tarp, que visava recapitalizar bancos adquirindo ativos problemáticos em seu poder ou dando-lhes cobertura e até mesmo a compra pelo Tesouro de participação direta no capital. Esse foi o pai dos megaprogramas de salvamento, — US$ 700 bilhões despejados após 28 de outubro de 2008 —, algo inédito na história americana tanto por seus objetivos como pelos seus métodos. Foi um divisor de águas para o Fed, para o governo americano, mas nem tanto para os grandes bancos. Após a segurança dada pelas operações de socorro, continuaram realizando empréstimos de alto risco, com juros maiores, sem aumentar a oferta de crédito. Risco moral é isso.” Mais aqui