Após a derrota nas urnas o bolsonarismo arrefeceu por várias razões:
1a) parte dos bolsonaristas não é ultraconservadora ao ponto de apoiar ou seguir a extrema direita ressentida. Antilulista, seguramente, aqueles que votaram 22 vão assimilando, dia a dia, o processo democrático das eleições:;
2a) As Forças Armadas e o Congresso Nacional conferiram legitimidade à vitória de Lula. Artur Lira e comandantes já lograram um acordo com o novo governo acalmando o mercado, agradando os estamentos privilegiados, afagando os militares; distribuindo cargos e outras prendas do poder. Parcelas significativas do eixo bolsonarista do Centrão foi cooptado por Lula e Alkmin, muito habilidosos nesse tipo de costura política;
3a) a comunidade internacional -mais de cem países-, já reconheceu a vitória de Lula, entre eles os EUA, a Europa e Oceania, convictos na promessa de confiança e estabilidade sem as quais o comércio exterior não vinga;
4a) a máquina de fake news e os grupos que financiaram o discurso do ” contragolpe” foi cirurgicamente destruída por força da intervenção do TSE (e do STF). Retirado o combustível dos filhos de Bolsonaro, a máquina da propaganda enganosa foi minguando, sem liderança, pois Jair encontra-se deprimido, com problemas conjugais, sem apoio do seu vice , general Mourão e da maioria dos comandantes máximos do Alto Comando das Forças Armadas. Ou seja, um mês e meio após o dia 30 de outubro, Lula diplomado (12.12.22), o bolsonarismo encontra-se dividido e desmobilizado.
Não haverá golpe ou quaisquer tentativas de impedir o curso da vontade soberana da maioria. Nas estradas, caminhoneiros seguem a vida trabalhando e os gatos pingados em frente aos quartéis minguaram. A Jovem Pan e outros veículos financiados pelo governo colocaram o rabo entre as pernas. Neopentecostais se adaptaram pragmaticamente ao poder a ser empossado. Restam, cada vez mais isolados, alguns jornalistas maldosos uivando ódio destilado a inimigos ilusórios.
O Brasil retoma o rumo da democracia, com todos os seus problemas culturais e institucionais, sociais e políticos. O bolsonarismo tem tudo para se reorganizar, dentro da Lei e do que se espera da luta civilizada. Mas terá que se reeducar fora das truculentas e venais práticas de desinformação, reconstruindo-se em novas bases como direita ultraconservadora viável, leia-se, ocupando um espaço existente em diálogo com uma incipiente direita liberal, sob risco de rápida desidratação a prevaleceram as perniciosas tendências protofascistas completamente tomadas pelo ódio.
– Edmundo Lima de Arruda Jr