Como a aposta no caos põe a cabeça de Jair Bolsonaro na guilhotina

É incrível como o calado Bolsonaro se ilude com a estridência e violência cada vez maiores de seus fanáticos seguidores para forçar a negociação para a sua impunidade. Tem tudo pra dar errado.

Bolsonaristas atearam fogo em veículos no DF - Foto Reprodução/Twitter

Uma das mais clássicas cenas policiais no cinema e na vida real é quando o encarregado da ação avisa ao alvo que ele tem o direito de ficar calado para não se incriminar. Aliás, isso é um direito constitucional no Brasil. O que aconteceu nessa segunda-feira (12), se juntarmos as cenas mais marcantes, não só dá filme como pode indicar um inédito e necessário caminho para o futuro da impunidade  dos poderosos no país.

Cerimônia de diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin como presidente e Vice-Presidente da República – Foto Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Houve momentos relevantes antes das cenas de vandalismos que fecharam a noite em Brasília. Por exemplo, na cerimônia de sua diplomação no plenário do TSE, Lula fez uma oportuna e enfática defesa da democracia. O ministro Alexandre de Moraes subiu o tom e chutou o pau da barraca das artimanhas para livrar Bolsonaro, de seu clã e de seguidores. Como relator dos inquéritos das fake news e das milícias digitais no STF, ele afirmou que quem tiver de ser punido, será punido.

Matou no nascedouro propostas estapafúrdias como a do senador Eduardo Gomes, líder do governo Bolsonaro no Senado, de tornar ex-presidentes da República senadores vitalícios, com salários, mordomias e, sobretudo, foro privilegiado. Na prática, uma tentativa de salvaguarda para Jair Bolsonaro e Fernando Collor. Uma vergonha.

Bolsonaro no Palácio da Alvorada com apoiadores – Foto Reprodução
Moraes manda prender cacique Tserere – Foto Reprodução

Voltando às cenas marcantes nessa segunda-feira. Pelo segundo dia consecutivo, Bolsonaro vai até o laguinho do Palácio Alvorada e fica em silêncio diante de uma trupe de apoiadores. Seus seguidores mais inflamados entendem como sinal para seguirem em frente em uma rebelião sem pé nem cabeça. Como o ataque na noite dessa segunda-feira (12) à sede da Polícia Federal, em Brasília.

O pretexto foi a prisão do pastor evangélico e cacique indígena José Acácio Sererê Xavante, aliado ao bolsonarismo, que tem participado de arruaças como a invasão do aeroporto de Brasília. Após a tentativa fracassada de ataque à sede da PF, seu grupinho saiu depredando e queimando carros e ônibus na vizinhança da Polícia Federal no centro de Brasília.

Se Bolsonaro espera com suas cenas em silêncio, interpretadas nas redes sociais como uma convocação de sua militância mais aguerrida pra seguir negando o resultado eleitoral, aliviar punições após ser despejado do Palácio do Planalto, pode quebrar a cara.

Como ficou evidente na cerimônia de diplomação de Lula, as instituições perderam a paciência com Bolsonaro e sua trupe aloucada. Até para dar o necessário exemplo, o recado claro é que eles serão punidos.

A conferir.

Deixe seu comentário