Conforme previu há pouco mais de um mês o vice Hamilton Mourão, o acordo entre a União Européia e o Mercosul, que vinha sendo negociado desde 1999, “fez água”. A maioria do Parlamento Europeu aprovou nesta terça texto afirmando que acordo não pode ser ratificado “como está”. Cartão vermelho para o Brasil, que no início do governo Jair Bolsonaro chegou a comemorar avanços nesse entendimento como se tivesse sido articulado por ele. Não. Na verdade, Bolsonaro, com sua política ambiental, terminou por desarticular um acordo pelo qual seus antecessores se empenharam muito.
Pelo noticiário, percebe-se que os eurodeputados, além da rejeição ao tratado, haviam preparado uma pancada maior no presidente brasileiro. Na redação inicial do projeto, o Parlamento Europeu afirmava estar “extremamente preocupado com a política ambiental de Jair Bolsonaro, que vai contra os compromissos do Acordo de Paris, em particular no combate ao aquecimento global e à proteção à biodiversidade”.
DIPLOMACIA
Os cuidados da diplomacia retiraram do texto a menção explícita a Bolsonaro. Mas permaneceu a rejeição, sob o argumento de que, “nessas circunstâncias, o acordo UE-Mercosul não pode ser ratificado como está”.
Não é novidade a reação internacional à política ambiental brasileira. Ela vem tomando toma forma em manifestações nos foruns externos e na perda de exportações para o setor agrícola. Apesar dos esforços do Ministério da Agricultura, nas últimas semanas a situação se agravou, alimentada pelas imagens dramáticas dos incêndios no Pantanal e na Amazônia.
A decisão da União Européia é um soco em Jair Bolsonaro. Deve redobrar as pressões do setor, e também do Congresso, pela demissão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles — ao menos para dar a impressão de que o governo pretende mudar alguma coisa.