Nessa quarta-feira (26), será formalmente criada a CPMI para investigar a tentativa de anular o resultado da eleição presidencial e derrubar o novo governo Lula em atentados contra os Três Poderes da República no domingo 8 de janeiro. O que ali aconteceu foi acompanhado ao vivo por telespectadores do país e do mundo afora. Mesmo assim, os bolsonaristas querem aproveitar a comissão parlamentar de inquérito para semearem dúvidas a serem difundidas em suas redes sociais.
Por mais que pareça apenas maluquice, essa narrativa é comprada pelo valor de face por adeptos que, por crença ou oportunismo, seguem a cartilha bolsonarista, e é multiplicada nas redes sociais, inclusive por robôs, perfis automatizados na internet. Isso será despejado na CPMI como estratégia para tornar a investigação parlamentar em mais uma guerra de versões.
Um deles, o general Carlos Feitosa Rodrigues, que seguia como sub-chefe da GSI mesmo tendo sido braço-direito do ex-ministro Augusto Heleno, apontado pelos investigadores como um dos principais suspeitos de comando nessa tentativa de reversão na marra do resultado eleitoral. À PF, o general atribuiu a falhas da Polícia Militar do Distrito Federal, responsável por cuidar das avenidas e gramados próximos ao palácio, a não reação das tropas encarregadas da segurança do Palácio do Planalto. Parece e é uma desculpa esfarrapada.
Na mesma linha, o major do Exército José Eduardo Natale, coordenador da segurança dos palácios presidenciais, que apareceu nos vídeos distribuindo garrafas d’água para os invasores, justificou aos delegados da PF tamanha gentileza: “Que os manifestantes questionaram de forma exaltada que local era aquele, ocasião na qual respondeu que se tratava de uma copa; que então os manifestantes exigiram que lhes dessem água; que o declarante entregou algumas garrafas de água com o intuito de acalmá-los e que não danificassem a copa e ainda solicitou que saíssem do local”.
Há um jogo de empurra entre militares do Exército e Polícia Militar, na época do então secretário de Segurança do DF, delegado Anderson Torres, hoje na cadeia enrolado nos vários fios soltos da conspiração para instalar uma nova ditadura no país. Jair Bolsonaro, Anderson Torres e general Augusto Heleno são os principais suspeitos.
Torres foge de depoimento sob a alegação de que está passando por uma crise psicológica. Bolsonaro tem depoimento marcado pela PF nessa quarta-feira (26). Tendo que dar explicações em todas as investigações, até agora o general Heleno só rompeu o silêncio para responder à colunista Mônica Bergamo que “a verdade sempre aparece”.