Por mais que pareçam apenas repetitivas, as ofensivas do governo Bolsonaro contra as urnas eletrônicas cada vez mais ultrapassam os limites do razoável em um jogo democrático. Em tom de ameaça, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, avisa ao Tribunal Superior Eleitoral que militares, por ele indicados, vão fiscalizar a apuração da justiça eleitoral.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, comunicou ao tribunal eleitoral que a Polícia Federal vai fiscalizar e auditar as eleições. Tudo que for feito por mais lisura em roda e qualquer votação será bem vindo. Mas não é o caso da ameaça bolsonarista, tentando manipular as Forças Armadas e a Polícia Federal, na busca de uma vitória no tapetão.
Depois da última ditadura militar, o país através de uma Assembleia Constituinte aprovou uma Constituição em que poderes civis dão a última palavra nas questões institucionais e constitucionais. Tanto quanto esse mandamento constitucional, por todos e quaisquer critérios de aferição, a sociedade não aceita mais ditadura e nem tutela de quem quer que seja.
Não adianta Bolsonaro e o general Paulo Sérgio falarem grosso, nem o general Héber Garcia Portella se fazer de mudo nas reuniões do comitê de transparência do TSE, como se os militares pudessem tutelar as eleições no Brasil. Tem gente que até acredita nessa maluquice. Outros, mais mal intencionados, apostam nessa narrativa para melar a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais.
Poderia ser apenas mais um delírio entre tantos outros na história política brasileira. O problema são os cargos que exercem. O general Paulo Sérgio Nogueira é ministro da Defesa, depois de ter sido comandante do Exército. O ministro Anderson Torres é delegado da Polícia Federal.
O que eles põem em jogo, na obediência às maluquices de Bolsonaro, não é a carreira deles. É a imagem de suas instituições.
A conferir.