Ao ser nomeado ministro da Fazenda, Fernando Haddad ganhou status de superministro e virou pole position à sucessão presidencial em caso de sucesso do governo Lula. Foi o suficiente para uma corrida precoce entre petistas e alguns aliados nas esquerda porem em campo contrapontos às orientações do Ministério da Fazenda.
Quem deu a largada foi a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, ao detonar a proposta de reoneração do imposto cobrado sobre gasolina e alcool. Mais do que discordância ali chamou atenção a intensidade da pancada. Mesmo que depois Lula tenha posto panos quentes e prestigiado Haddad, aliados na Esplanada dos Ministérios e a turma do Centrão sentiram cheiro de sangue nas entranhas do governo. Arthur Lira já exibiu os dentes.
Alimentados pelos ataques ao Banco Central, puxados pelo próprio Lula, todos se sentiram à vontade para mordiscar onde lhes apetecesse. Carlos Lupi, ministro da Previdência e eterno presidente do PDT, afinado com Ciro Gomes, saiu na frente mudando regras no saque do FGTS e, agora, atropelando a equipe econômica, reduzindo a taxa de juros nos empréstimos consignados para aposentados.
Como todos os bancos, inclusive os públicos, suspenderam esses empréstimos, o Planalto ficou numa saia justa. Não tem como manter a benesse de Lupi mas teme o desgaste com a sua revogação. Teve que inventar um drible esquisito para suspender a sua vigência.
As trapalhadas de Lupi, mesmo que incomodem bancos e incomodem os tais mercados, pesam bem menos que os empecilhos a Fernando Haddad no PT e no Palácio do Planalto. Nessa sexta-feira (17), no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda fez uma exposição da âncora fiscal a Lula e aos ministros Geraldo Alckmin, Simone Tebet, Esther Dweck e Rui Costa.
Segundo apuração de Eliane Cantanhêde, divulgada na Globonews, Rui Costa, que tem uma enorme de reivindicações por mais gastos por parte dos ministérios e dos partidos aliados, pediu vista. Tudo indica para que possa apresentar a Lula algumas alternativas às propostas da equipe econômica. Se depender do PT, as mudanças podem ser expressivas. Lá não cai bem a conversa de ajuste fiscal. A aposta ali é que se não abrir os cofres públicos a economia não cresce e o Estado arrecada menos.
Bate de frente com a turma da Faria Lima, uma briga que Fernando Haddad não quer comprar nos termos petistas. Sabe que sem o seu plano de vôo sua gestão na Fazenda será comprometida. Mas na hostes petistas há os que apostam em seu fracasso e avaliam que seriam melhores representados por Aloyzio Mercadante, na sombra na presidência do BNDES.
A questão não é se a opção de Haddad é certa ou errada. Tem gente bem preparada que defende ambos caminhos. Cada um deles tem custo e benefício. O problema é perder tempo e foco enquanto segue esse interminável debate. Após os tais 100 dias tréguas, se o governo seguir nesse chove não molha, vai ter que pagar um pedágio mais caro no Congresso onde o Centrão e os fisiológicos de todos os naipes aproveitam essas cabeçadas internar para aumentar suas tarifas.
A conferir.