É cedo para dizer que a ficha caiu, mas o comportamento de Jair Bolsonaro no fim de semana reforça a percepção e que o presidente se convenceu de que está cercado. Pela primeira vez em meses, Bolsonaro nem compareceu a manifestações antidemocráticas e nem parou na porta do Alvorada para falar e se deixar bajular por simpatizantes. Tudo indica que a ressurreição, com força total, do Caso Queiroz muda o cenário dentro do próprio bolsonarismo.
Diferentemente do que ocorre em outros confrontos, como os arranca-rabos com o STF, quando obtêm quase sempre apoio maciço nas redes, Bolsonaro viu silenciar boa parte de seus apoiadores na prisão de Fabrício Queiroz. Poucos se encorajaram, também fora das redes sociais, a defender o presidente e seu filho Flávio quando o ex-assessor foi encontrado na casa do advogado de ambos, Frederick Wassef.
Está claro, portanto, que se há um assunto que esgarça a base social e política de Bolsonaro é Queiroz. E o presidente já terá percebido que também os militares, cujo suposto apoio ele vive trombeteando, estão profundamente desconfortáveis com a prisão do ex-assessor e, sobretudo, com a perspectiva de esta venha a se desdobrar em mais revelações que atinjam a família presidencial. Da mesma forma, o neo-aliado Centrão não botou a cabeça para fora ainda na defesa do presidente. É aí que está o limite – descobriu-se, afinal.
Já se sentindo encurralado pelos inquéritos no STF, Jair Bolsonaro começara, antes mesmo da prisão de Queiroz, a lançar mensagens de paz aos adversários. Demitiu Abraham Weintraub e mandou um trio de ministros palacianos visitar o relator Alexandre de Moraes. Para interlocutores do Supremo, porém, a atitude, além de não inspirar confiança, terá chegado tarde. Não cheira a uma real mudança de comportamento no rumo de um entendimento. Está mais para tentativa desesperada de quem sabe que só lhe resta a defensiva.