O mundo gira, a Lusitana roda, mas às vezes nem sai do mesmo lugar. Foi o caso da pesquisa do Datafolha sobre a corrida presidencial, divulgada na noite da sexta-feira (9). Ela mostra que Lula continua exatamente do mesmo tamanho, Bolsonaro segue com ligeira oscilação pra cima dentro da margem de erro, e se apega aos desempenhos de Ciro Gomes e Simone Tebet que apontam para um segundo turno.
Esse saltinho de 2 pontos percentuais de Bolsonaro, mais do que avanço, parece um fracasso da tal apoteose no 7 de Setembro, em que a pretexto da comemoração do bicentenário da Independência do Brasil, o atual presidente da República promoveu grandes comícios eleitorais, às custas dos cofres públicos. Além do pífio resultado, no rigor das leis, cometeu uma penca de crimes, inclusive eleitorais. Está se safando porque a Justiça guarda a munição para qualquer tentativa de virada da mesa depois da sua previsível derrota nas urnas.
Como nos outros estelionatos eleitorais, a maioria sem precedentes na democracia brasileira, esse novo golpe de Bolsonaro deu ruim. Por mais que esse governo muquirana com os pobres abra os cofres durante a campanha eleitoral com auxílios de emergência não cola. Mais do que soar, é pura fraude
É o mesmo lelo-lero da cascata bolsonarista sobre corrupção. De braços dados com as turmas do Mensalão e do Petrolão, como Valdemar Costa Neto, Arthur Lira, Fernando Collor e Roberto Jefferson numa enorme penca de pilantras, Bolsonaro finge ser virgem no bordéu. Tenha a santa paciência pra tanto engodo.
O clã Bolsonaro é mais um na longa história do patrimonialismo no Brasil a enriquecer com as benesses dos cargos públicos. São parceiros de protagonistas de conhecidos estelionatários. As tais mansões em Brasília são apenas o lado mais visível da farra de sempre.
Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, apontada como a mentora do esquema das rachadinhas, tá nadando de braçada em meio a picaretagem em Brasília. Do nada, fez do filho Jair Renan um sucesso empresarial, de inclusive virou candidata a deputada distrital. Sílvio Assis, seu anfitrião nessas empreitadas, não dá nó sem ponto. Responde na Justiça a uma caminhão de ações, mas segue livre e solto no reinado dos Bolsonaros.
Por tudo isso e muito mais, na pesquisa do Datafolha rejeição a Bolsonaro segue nas nuvens. Nada menos que 51% dos eleitores dizem que, em hipótese alguma, votam nele. É muito distante dos 39% que rejeitam Lula, dos 24% que não votam em Ciro Gomes e nos 14% que rejeitam Simone Tebet.
O problema para a campanha de Bolsonaro, que agora delira em ganhar alguns votos com a presença dele no funeral da rainha Elisabeth II, em Londres, é a dicotomia entre o que é o candidato e o que vende seus marqueteiros.
Parecem serem distintos.
A confeirir.