Bicentenário brochante

Em Brasília as comemorações do bicentenário da Independência foram muito aquém do esperado para a capital do país.

Desfile Militar de 7 de Setembro por ocasião das Comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil com a ausência dos presidentes da Câmara, do Senado e do STF - Foto Alan Santos/PR
Setor Hoteleiro Sul – Foto Pedro Ventura/Agência Brasília

A Capital do Brasil deveria ser a maior protagonista das comemorações do bicentenário da independência. Infelizmente, o Governo do Distrito Federal não parece ter se preocupado com a data e não fez qualquer planejamento. Não  promoveu eventos relevantes e atrativos que chamassem a atenção dos turistas. Resultado: segundo a  Associação Brasileira da Indústria e dos Hotéis do DF (ABIH), a taxa de ocupação em Brasília, neste feriado, atingiu apenas 83%. Em 2021, mesmo com a pandemia ainda em curso,  a taxa de ocupação chegou a 90%. Passado o Sete de Setembro, qual o legado deixado neste bicentenário?

Discurso de Bolsonaro no 7 de Setembro, em Brasília – Foto Reprodução

Em nível federal a coisa foi ainda mais grave. O presidente da República sequestrou a parada militar transformando-a em palanque eleitoral. Envergonhou a nação perante a nós e ao mundo. Aproveitou a festa para fazer um discurso eleitoreiro, usando um linguajar chulo e machista, totalmente inadequado para um chefe de Estado. Atacou a democracia, aos adversários políticos e suas esposas. E o tema principal do evento – o bicentenário da independência –  foi completamente esquecido.

A ausência dos presidentes da Câmara, do Senado e do STF na parada militar revelou o racha que o país vive, graças ao comportamento belicoso do presidente da República. Jair Bolsonaro nessa quinta-feira (8)  deu o “troco” e não compareceu ao Congresso Nacional, na comemoração do bicentenário do Legislativo e dos outros poderes da República. O bicentenário poderia ser uma oportunidade para unir o país, que sofre com a polarização política, mas acabou sendo motivo para aumentar ainda mais o acirramento, fortalecendo apenas a retórica do “nós contra eles” entre os eleitores.
Queima de Fogos – 200 Anos de Independência do Brasil na Torre de Televisão em Brasília – Foto Marcello Casal JrAgência Brasil

 

Há cem anos, a comemoração da independência do Brasil foi marcada pela famosa Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, que se tornou referência, nas décadas seguintes, para grande parte da produção cultural do país. Hoje, passamos longe disso. No DF o início das comemorações se deu com uma queima de fogos breve na Torre de TV. E só.

Em alguns dos países da América Latina, as comemorações dos 200 anos de independência tiveram como base manifestações culturais. No México, por exemplo, foi decretado feriado especial de três dias. Além dos tradicionais desfiles, foram promovidos concertos, festas populares organizadas pela própria população.
Espetáculo multimídia de dança, luz e som na esplanada do Zócalo da Cidade do México que marcou o início das comemorações do Bicentenário de a Independência do México e o Centenário da Revolução – Foto Divulgação

Assim como no México, o governo chileno também decretou feriado de três dias para as comemorações. A festa de comemoração do bicentenário deles, deixou um grande legado  com o resgate patrimonial de espaços cívicos, parques urbanos, espaços culturais, centros esportivos e obras de infraestrutura. Um dos legados mais importantes foi o E-Elt, o maior telescópio do mundo, que tornou o país um líder mundial em observação astronômica. Na Argentina e no Peru seguiram o mesmo script, com feiras de livros, lançamentos e muito mais.

Aqui além de não promover nenhum evento relevante, o nosso presidente tinha como maior preocupação a potência sexual do seu próprio pênis. É mole?
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