Agosto, mês do cachorro louco. O mês fatídico da política brasileira, o primeiro do governo estreante, se inicia com ventos de tempestade, como tem dito a apresentadora Majú Coutinho no Jornal Nacional. A frente fria que vêm do Polo Sul chega neste fim-de-semana ao Brasil tropical precedida de ventos uivantes e ameaçadores. Segue-se uma onda de frio seco e com geadas e nevascas.
No Brasil, abre-se mais um confronto entre poderes, desta feita diante das incertezas do que poderá o ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, sentenciar diante da ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil admoestando o presidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo pode ser chamado a se explicar.
No Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados vota o segundo turno da reforma da previdência que, se aprovada, segue para o Senado, envolvendo a outra Casa nesse ruidoso processo. A previsão é que a Câmara Alta altere alguns pontos, devolvendo à Câmara Baixa o abacaxi a ser descascado. A previdência é uma tábua de salvação porque sinaliza coerência de política fiscal e rumo à economia.
Na área internacional, a crise política do Paraguai poderá desabar sobre a cabeça da nossa diplomacia e, talvez, das Forças Armadas, que têm a missão de proteger os interesses brasileiros na Usina de Itaipu. Manifestantes irados, vingadores antibrasileiros ferrenhos, estão se articulando para repetir naquela central hidrelétrica a bem-sucedida invasão pelo MST, em 2007, da usina de Tucuruí.
Na ocupação da hidrelétrica paraense, o Exército entrou em ação, retirando os manifestantes das salas de controle, quando já se preparava a depredação dos equipamentos. Segundo o professor Carlos Tavares, da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Pará, o sistema elétrico brasileiro esteve por um fio naqueles dias.
A diferença, atualmente, é que metade da central do Rio Paraná está num território estrangeiro, cujo governo está desmoronando. Itaipu é o sustentáculo do sistema de energia elétrica no Brasil.
Agosto marca a morte do presidente Getúlio Vargas, a renúncia do presidente Jânio Quadros, a deposição da presidente Dilma Rousseff, dentre outras efemérides trágicas na história política e econômica do País.
Mas o mês do cachorro louco é mundial.
No mês termidor dos franceses, que inclui agosto, foi preso e depois executado o líder dos jacobinos, Maximilien de Robespierre, encerrando o Período do Terror, fase repressiva da Revolução Francesa que matou mais de 40 mil pessoas. Então vêm outras efemérides de catástrofes políticas mundiais, que se somam aos distúrbios brasileiros que costumam ocorrer em agosto: Dia primeiro inicia-se a Grande Guerra, em 1914; Dia 2, Adolf Hitler toma o poder na Alemanha; dias 6 e 9, os norte-americanos soltam as duas bombas atônicas em Hiroshima e Nagasaki. Chega?
O ditado “mês do cachorro louco” é muito antigo. Deve-se a que, na Europa, agosto é o forte do verão, quando as cadelas entram no cio e os cachorros perdem a cabeça. Também neste mês, diz a crendice popular, os cães são atacados pela raiva, doença virótica, que passam para os humanos, quando mordidos pelos caninos.
Não é científico, mas todo mundo acredita que são desgraças próprias do “mês do cachorro louco”. Também em agosto, dizem as mesmas crendices, os humanos acometidos de transtornos mentais violentos, então chamados de “loucos furiosos”, entrariam em surto.
Trata-se de superstições. Mas, como dizia o gaúcho Martin Fierro, personagem do poeta argentino Jose Hernandes, “No creo en Brujas, pero que las hay las hay (Não creio em Bruxas, mas que existem, existem).