Em seu delírio de um golpe contra a vontade do eleitorado, Bolsonaro saiu das quatro linhas da Constituição, e atropelou os próprios parceiros ao estimular uma forte reação da nata do PIB e das principais forças da sociedade civil. Traçou, assim, o próprio caminho para morrer na praia. Ou até antes dela.
Em seu desespero sobre as consequências para si e seu clã por uma derrota eleitoral, voltou a apostar na mesma insanidade para uma virada de mesa no 7 de setembro do ano passado. Se lá teve que votar com o rabo entre as pernas na famosa cartinha redigida por Michel Temer, hoje o cenário é muito mais desfavorável. Essa pirueta ocorreria em plena campanha eleitoral com todos seus adversários surfando em propagandas nos rádios, nas tevês e nas redes sociais. Lula, Ciro Gomes, Simone Tebet e Janones podem aniquilá-lo e suas maluquices sem nenhuma dificuldade.
Se entre os malucos que fazem a cabeça de Bolsonaro o 7 de setembro é o momento de virar a mesa, quando chegar lá isso já virou pó. O país estará inteiramente ligado às eleições que ocorrerão 20 e poucos dias depois. Aliás, os despautérios na absurda reunião no Palácio da Alvorada com embaixadores de dezenas de países e surtos posteriores como no encerramento da Convenção do PL deram ruim, geraram um clima de basta. Até no que seria seu próprio terreiro.
Nessa quarta-feira (27), o general Luís Carlos Gomes Mattos, na sessão em que se despediu da presidência do Superior Tribunal Militar, foi na veia: “Não esquecendo que temos uma Justiça Eleitoral e ela é a responsável pelo funcionamento real daquilo. Nossa missão é diferente, não temos que nos envolver… temos que garantir que o processo seja legítimo. Essa é a missão das Forças Armadas”. O recado foi dado diante de uma penca de generais bolsonaristas, como o candidato a vice-presidente Walter Braga Netto e o ministro Luiz Eduardo Ramos.
Depois do puxão de orelha do amplo manifesto da sociedade, que um ressabiado Bolsonaro chamou de cartinha, algumas peças se moveram em Brasília. Valdemar Costa Neto, dono do PL pelo qual Bolsonaro se candidata, nessa mesma quarta-feira foi bater ponto no gabinete do ministro Edson Fachin na presidência do Tribunal Superior Eleitoral. Lá, pregou paz e manifestou sua confiança no sistema eleitoral, contestado por Bolsonaro. Até Arthur Lira, depois de nove dias de silêncio, também manifestou nessa quarta-feira sua confiança no sistema eleitoral.
O que motivou toda essa mudança é a constatação de que Bolsonaro, que já havia recebido cartão amarelo, pode receber um cartão vermelho se voltar a cometer pênalti em 7 de Setembro, uma data histórica.
A conferir.