A guerra da eleição começou

Para o autor, o acirramento entre as campanhas de Lula e Bolsonaro na reta final da campanha é praticamente inevitável. Por isso, é preciso equilíbrio para que o vencedor não assuma a presidência da República já desgastado.

Pré-candidatos à Presidência da República nas Eleições de 2022 - Foto Reprodução

Não é uma guerrinha de brincadeira, embora até agora pareça, tantas as artimanhas lançadas pelos dois principais  concorrentes à presidência da República, ao longo desses meses da pré-campanha eleitoral. Ambos são os piores candidatos historicamente oferecidos ao povo  brasileiro, até hoje.

No dia da oficialização da sua candidatura à reeleição, Bolsonaro já entrou xingando no palco do Maracanãzinho. Fato que não representa novidade diante de sua notória deseducação. O que se viu adiante não foi muito melhor. Mentiras, grosserias e ataques à democracia.  Não há no Brasil quem ainda consiga se surpreender diante das atitudes do pretenso reeleito.

Falta pouco para a guerra eleitoral começar e os ataques, de parte a parte, vão aumentar até o final da eleição. Cada dia a campanha vem sendo conduzida  de maneira mais radical e provocativa, principalmente pela tropa de choque bolsonarista. Talvez seja uma forma de tentar minimizar os ataques que devem ser desferidos contra as deficiências do atual presidente por todos os concorrentes.

Espera-se que nos momentos finais da campanha, que se aproximam rapidamente, surjam mais novidades, mas uma coisa é certa, as provocações de todos os lados darão o tom das eleições. O capitão, que gosta de um conflito, deve soltar suas forças com mais entusiasmo. O temor é que com o clima de guerra crescente, os cidadãos brasileiros se sintam excessivamente provocados. E, naturalmente, assim estimulados a uma reação de consequências arriscadas.

Na Espalanada dos Ministérios, manifestantes pró-Bolsonaro pedem intervenção militar e fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal – Foto: Orlando Brito

Nenhuma campanha presidencial nas últimas décadas chegou a revelar características tão radicais quanto a do Bolsonaro. Temendo a derrota, o capitão envolve cada vez mais os militares em sua campanha e em seu governo. E revela disposição para tornar o processo eleitoral cada vez mais radicalizado, talvez planejando uma intervenção militar na qual seja proclamado presidente sem precisar enfrentar o julgamento das urnas.

Em seu triste desempenho político e administrativo, nas provocações contra a classe política, já em parte desmoralizada, Bolsonaro acredita, cada vez mais, que poderá haver intervencionismo militar a seu favor. Esperamos, que não tenha força política nem militar para tornar sua guerra uma realidade e que a democracia brasileira resista a esse tipo de ameaça, que vem perdurando desde o começo do seu mandato.

Bolsonaro e Lula – Fotos Orlando Brito

O acirramento entre as campanhas de Lula e Bolsonaro na reta final da campanha é praticamente inevitável. Isso, obviamente, trará perdas para ambos os lados. Por isso, é preciso equilíbrio para que o vencedor não assuma a presidência da República já desgastado. Seria ruim para o país, para o povo, para todos. Esse acirramento também pode estimular a participação de militares, que vem sendo instigada pelo próprio Bolsonaro.

Manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro e a favor do ex-presidente Lula – Foto Orlando Brito

Infelizmente, a situação tende a se agravar nos próximos meses. Essa guerra entre bolsonaristas e lulistas, há tanto ameaçando os brasileiros, pode tornar-se uma trágica  realidade com graves consequências para a democracia.

– José Fonseca Filho é jornalista

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