Não é à toa que Leônidas da Silva mereceu o invejável apelido que virou nome do chocolate mais famoso do País: Diamante Negro. Considerado um dos deuses do esporte brasileiro, foi goleador nos dez times em que jogou inclusive na Seleção, nas Copas de 1934 e 1938, com oito gols e escolhido o melhor atleta da competição. Foi também artilheiro do primeiro campeonato carioca, pelo Botafogo, em 1935. Depois, tri campeão no flamengo e penta no São Paulo.
Credita-se a Leônidas da Silva invenção da “bicicleta”, um dos mais belos dos lances do futebol. O maior ídolo do time do São Paulo deixou de jogar em 1951. Mas continuou atuando fora dos campos, tornando-se dirigente do clube do Morumbi e depois comentarista de rádio. Aliás, o “Diamante Negro” brilhou também, como radialista e até mereceu por sete vezes o prêmio Roquete Pinto de Jornalismo.
Seu Leônidas Silva nasceu em 6 de setembro de 1913, no Rio, e faleceu no dia 24 de janeiro de 2004, em Paulo, acometido pelo malo de Alzheimer. Lembro-me de quando fui fotografá-lo, em São Paulo, num modesto apartamento em uma tranqüila rua do bairro Paraíso, em companhia de sua mulher, dona Albertina. Recebeu-me vestido de paletó e gravata.
Voz tranquila, contou-me por mais de três horas os grandes momentos de sua vida e suas glórias. Lamentou que a Segunda Guerra Mundial tenha impossibilitado a realização de copas do mundo. Isto impediu que Leônidas da Silva demonstrasse para todas as nações o seu belo futebol. Era uma mágoa que trazia.
À porta, ao despedir-se, Leônidas da Silva deu-me uma pequena caixa embrulhada em papel de presente. Somente depois é que fui ver as duas três barrinhas de chocolate que levava o seu nome o seu nome em letras prateadas. Antes de entrar no elevador, chamou-me de volta. Queria dizer duas coisas mais:
– Fiz de tudo no mundo do futebol. Inclusive ser fã de Garrincha. Mas quem deveria ser o Pelé era eu.
Orlando Brito