Os focos de incêndio que se alastram pelo território brasileiro nos últimos dias, especialmente na Amazônia, tornaram-se crise. E das grandes. Não somente no que tange a questão ambiental, mas também sobre a má imagem do País mundo a fora, ganhou contorno internacional e a manchete dos principais jornais do Exterior.
Jair Bolsonaro fez declarações levantando suspeitas de que as queimadas são protagonizadas por ambientalistas e fazendeiros. O presidente acusa funcionários de ONGs de produzirem os incêndios porque perderam seus empregos após o corte das verbas para proteção das florestas por países da Europa.
Não há confirmação nem provas de serem verdadeiras as acusações do presidente Bolsonaro. Controvérsias à parte, o certo é que o tema extrapolou a fronteira. O clima ficou feio.
O presidente da França, Emmanuel Mocron, por exemplo, encabeçou as vozes de que é necessária discussão imediata sobre o tema. Propõe que o assunto seja um dos temas da reunião do G7, grupo dos países de economia mais robusta do mundo, que ocorre em Biarritz a partir de sábado, com a presença inclusive de Donald Trump.
Macron fez discurso dizendo: – Nossa casa está queimando. Literalmente. A Floresta Amazônica – os pulmões que produz em 20% do oxigênio do nosso planeta – está em chamas. É uma crise internacional.
A reação do presidente brasileiro, foi imediata: – Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia, apelando até para fotografias falsas, não contribui em nada para a solução do problema.
Diante do vulto que a questão tomou, no começo da noite dessa quinta-feira, o Palácio do Planalto decidiu encarar de maneira mais intensa o assunto. Montou um escritório de crise, com a participação de oito ministros (Meio Ambiente, Ricardo Salles; da Agricultura, Tereza Cristina; da Casa Civil, Onix Lorenzzoni; das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira; e dos generais Fernando Azevedo e Silva, da Defesa; do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos), além do presidente Bolsonaro.
Até o Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, manifestou preocupação com as queimadas no Brasil. E também artistas, cientistas e personalidades de vários países endossam a mesma preocupação. Iván Duque, presidente da Colômbia; Justine Trudeuau, primeiro-ministro do Canadá; o craque Cristiano Ronaldo; o prefeito de Londres, Sadik Khan; a modelo Giselle Bünchen; o ator Leonardode Caprio; gente de todo o mundo etc etc. Novamente, controvérsia sobre as razões e responsabilidade das queimadas.
Espera-se que o grupo de trabalho montado pelo governo brasileiro seja o ponto de partida para iniciativas que cuidem efetivamente da destruição das florestas.