Por Maria Luiza Abbott e Marcelo Stoppa
A relevância e visibilidade (R&V) da chapa do PDT, formada por Ciro Gomes-Kátia Abreu, cresceu mais de 21 pontos percentuais no ecossistema das eleições no Twitter entre 31 de agosto e 13 de setembro, confirmando tendência de alta registrada em agosto também no Facebook. As métricas da pesquisa da AJA Solutions indicam que a sua fatia de R&V chegou a 28.09% do total na semana de 7 a 13 de setembro, com uma diferença de pouco mais de 5pp em relação à chapa Jair Bolsonaro-General Mourão (PSL), que ficou em 1º lugar no ranking.
A chapa do PSL chegou a alcançar 48% do total de R&V dos candidatos na semana em que Bolsonaro foi esfaqueado, mas caiu fortemente entre 7 e 13 de setembro, chegando a 33,38%. Esse percentual é mais de 4pp inferior ao obtido pela chapa do PSL na semana anterior ao atentado, o que reforça a indicação de queda da sua relevância no Twitter.
Em 3º lugar no ranking, a chapa do PT, Fernando Haddad-Manuela D’Ávila, obteve 12.71% do total de R&V no ecossistema das eleições no Twitter na semana do anúncio da confirmação dele no lugar do ex-presidente Lula como candidato à presidência pelo PT.
A fatia de R&V de Haddad quase dobrou desde o começo de setembro, mas ainda está um pouco menor do que a de Manuela, que vem fazendo uma campanha de alta eficiência de comunicação no Twitter nos últimos seis meses. Entre todos os candidatos a vice, Manuela é a que mais contribui para a relevância da sua chapa no Twitter. No entanto, a tendência de Haddad é de crescimento, enquanto a taxa de expansão dela desacelerou.
O desempenho da chapa do PDT, que já tinha sido antecipado pela AJA, está diretamente ligado à alta exposição de Ciro na mídia tradicional e online-only. Essa exposição vem contribuindo para aumento das buscas de informações sobre ele e das reações a ele nas redes – curtidas, retuítes, visualizações de propostas, memes e vídeos. Quase ⅓ da R&V de Ciro no Twitter na semana de 7 a 13 foi resultado de um tuíte de uma matéria do BuzzFeed para esclarecer uma antiga entrevista dele – se era A, B ou C ou Beyoncé, uma brincadeira, algo tão ao gosto das redes. O tuíte impulsionou também a R&V do próprio BuzzFeed, que conquistou a maior relevância entre as mídias tradicionais e online no ecossistema das eleições no Twitter na semana.
Aproveitando o impulsionamento, Ciro intensificou sua atividade na rede e postou suas diferentes propostas, como reduzir impostos “para os mais pobres e a classe média e aumentar para os muito ricos” e a promessa de “tirar os nomes dessas pessoas do SPC e fazer a economia voltar a crescer”. Dessa maneira, criou um círculo virtuoso de reforço de exposição positiva e R&V. Candidata a vice na chapa, a senadora Kátia Abreu contribuiu com pouco mais de 1pp para a fatia de relevância da chapa, mas no caso dela, predominou o sentimento negativo. Um tuíte dela defendendo agrotóxicos impulsionou a rejeição.
Entre os demais candidatos embolados em segunda posição nas pesquisas de intenção de voto, a chapa Marina Silva-Eduardo Jorge, da Rede, teve o pior desempenho. Ficou em 7º lugar, com uma fatia de pouco mais de um terço do que tinha na última semana de agosto e praticamente igual à registrada na primeira semana de setembro. Está abaixo do patamar de relevância – piso a partir do qual a mensagem de cada integrante da chapa tem ressonância e potencial para persuadir potenciais eleitores no ecossistema das eleições no Twitter.
A fatia de R&V da chapa Geraldo Alckmin-Ana Amélia, do PSDB, ficou acima daquela liderada por Marina, mas também abaixo do piso de relevância, com pouco a comemorar. Ficou em 6º lugar, mas a maior ressonância de seus tuítes foi acompanhada de rejeição, especialmente a ele, originária tanto de seguidores da órbita de Bolsonaro quanto da área dominada por Haddad-Manuela-Lula.
Em 4º lugar no ranking de R&V, a chapa do Partido Novo, formada por João Amoêdo-Christian Lohbauer, que teve forte queda no Twitter no período, depois de ter disparado na segunda metade de agosto, quando chegou ao segundo lugar. Entre a última semana de agosto e a 2ª de setembro, a fatia de R&V da chapa despencou quase 40% no Twitter. Mesmo assim, ainda está acima do patamar de relevância.
Em 5º lugar, a chapa do PSOL, Guilherme Boulos-Sonia Guajajara, que teve forte aumento de relevância desde o começo de setembro. A sua fatia de R&V aumentou 86% e garantiu a eles uma posição acima do patamar de relevância, que eles tinham perdido desde agosto. Ainda entre os nanicos, chama a atenção o desempenho medíocre das chapas do Podemos, de Alvaro Dias-Paulo Rabello, e do MDB, de Henrique Meirelles-Germano Rigotto, que estão com fatias insignificantes de R&V, apesar da familiaridade e da exposição anterior por serem conhecidos homens públicos.
Uso de robôs no ecossistema das eleições
A AJA optou por fazer a comparação dos dados desta semana com o período de 24 a 31 de agosto, a fim de evitar as distorções causadas na primeira semana de setembro devido ao atentado contra Bolsonaro, à indefinição da candidatura de Haddad-Lula e ao uso excessivo de robôs. Na semana de 7 a 13 de agosto, caiu a utilização de robôs no ecossistema das eleições no Twitter, segundo indica tecnologia proprietária desenvolvida in-house para detectar indícios de automação na rede. De forma geral, pelo menos 73% dos usuários que atuaram no ecossistema das eleições no Twitter são certamente humanos e 5% são certamente robôs. Os restantes 22% estão em categorias de probabilidade (veja gráfico).
A pesquisa da AJA analisou 2.699.101 interações entre 1.234.783 usuários no ecossistema das eleições no Twitter na semana de 31 de agosto a 7 de setembro e 1.143.677 interações entre 533.383 usuários na semana de 7 a 13 de setembro. Os mapas de relevância e visibilidade e de influência e afinidade dos pré-candidatos revela os erros, acertos e os caminhos que podem ser feitos para ganhar relevância na rede. A versão interativa dos mapas está disponível para assinantes.
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