Os principais beneficiários da redução de 13,75% para 13% da taxa básica de juros hoje pelo Banco Central são o Tesouro Nacional e o governo do presidente Michel Temer.
O efeito sobre o aumento do crédito, consumo ou decisão de investimento na economia real será mínimo e com efeito de longo prazo. Não me entenda mal, caro leitor, se passei a ideia de que não considero a decisão importante para a retomada do crescimento da economia. O que estou a dizer é que, de imediato, os seus efeitos serão muito pequenos na economia real, apesar da melhora das expectativas para os investidores.
Já para o Tesouro Nacional haverá uma economia equivalente a 0,75% sobre uma dívida pública mobiliária de R$ 946,4 bilhões que estará vencendo em 2017 e terá que ser renegociada no mercado de um estoque total de R$ 2,961 trilhões.
Gastando menos com juros, cuja previsão orçamentária para este ano era de R$ 339 bilhões, há uma melhora no resultado fiscal. Com a inflação seguindo a trajetória da meta de 4,5%, o BC acabará ao longo de 2016 reduzindo mais as taxas de juros, contribuindo para queda dos custos de rolagem da dívida.
A queda dos juros, de tabela, deverá afetar, por outro lado, a rentabilidade das aplicações de todo o recurso tomado pelos bancos junto aos poupadores. A rentabilidade dos que tem dinheiro no país vai cair e isso poderá tem algum efeito marginal sobre o consumo de bens e produtos desta classe média, o que ajuda no combate da inflação.
De imediato, o governo Michel Temer vai usar esta trajetória de queda de juros mais rápida do que o esperado pelo mercado para vender a ideia de controle da inflação e estímulo aos investimentos para tirar o país da recessão no segundo semestre do ano. Vamos aguardar os acontecimentos, mas a retomada do crescimento da economia com redução do desemprego deverá ser lenta e gradual, assim como os resultados fiscais do governo nos próximos anos.