Vespertinas: quanto custa a lista fechada & a corrida de Gilmar Mendes

Ministro do STF, Gilmar Mendes. Foto Orlando Brito

Quanto custa ser o primeiro I? Poucas combinações parecem tão deletérias como financiamento público de campanhas eleitorais com lista fechada. Inda mais no hodierno cenário de devassidão política e quase inexistência de partidos. Caso prospere, será o erário da União bancando as cúpulas partidárias (quando não o dono da legenda) para elegerem quem as siglas determinarem. Quanto custará ficar em primeiro lugar na lista?

Quanto custa ser o primeiro II? Até aqui, todo o debate sobre o novo sistema eleitoral sustenta-se numa premissa: as campanhas têm que despender milhões de reais. Não ocorre a financiados e financiadores baratear os custos. Que tal se, em vez de vender sabonete, os candidatos fossem forçados a expor e contrapor suas ideias em debates com os demais e, principalmente, com o eleitor? Ou mesmo adotar um novo modelo de Lei Falcão, que limitasse o custo da propaganda eleitoral?

Quanto custa ser o primeiro III? O fim do voto obrigatório e a limitação da reeleição igualmente ajudariam na profilaxia do sistema eleitoral e partidário brasileiro. Já o voto distrital, além de aproximar candidato-eleitor, também barateia os custos.

Nada a ver I. Sinal dos tempos que a sorte da chapa Dilma-Temer esteja nas mãos do juiz-relator Herman Benjamin, do TSE, homossexual assumido. Inimaginável em tempos não muitos distantes, o magistrado está se impondo por sua, até aqui, rigidez e dedicação. Sua vida pessoal só a ele interessa.

Nada a ver II. A propósito, deixou de ser segredo a disposição com que o juiz Gilmar Mendes (TSE e STF) se apruma para assumir a presidência da República caso Michel Temer seja afastado. Há, porém, pelos menos três óbices. Ético, pois o julgador tomaria o lugar do julgado. Político, já que teria que obter a maioria entre 594 parlamentares que formariam o colégio eleitoral. Político-jurídico, considerando que a decisão final da cassação da chapa caberia ao STF.

O PT em seu labirinto I. A sigla que já representou a esperança de que a política podia ser feita de maneira altiva e altruísta mergulha num mundo de quimeras. Ataca seus algozes – procuradores e juízes da Lava-Jato -, mas esquiva-se de esclarecer os malfeitos em escala nunca antes vista na história.

O PT em seu labirinto II. A Lava-Jato já recuperou mais de R$ 10 bilhões em espécie, R$ 3,2 bilhões em bens estão bloqueados, empresários bilionários e seus executivos confessaram que roubaram, subvertendo a histórica impunidade do andar de cima. Ao mesmo tempo em que o consórcio entre a elite econômica e o PT está sendo desnudado, a Lava-Jato desvenda um corrosivo sistema de corrupção entranhado no Estado.

O PT em seu labirinto III. Outrora, bastaria a suspeita de uma pequena licitação fraudada para que a legenda pleiteasse uma CPI e, em seguida, o impeachment do presidente eleito – nada comparado com a fraude fiscal bilionária de Dilma Rousseff.

O PT em seu labirinto IV. Em verdade, o partido age como uma seita. A ela tudo é permitido porque seus sacerdotes sabem o que é melhor para os fiéis. Da fé cega em si mesma brota a impossibilidade da autocrítica.

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