Às portas das eleições gerais de outubro de 2022, quando 156.454.011 de eleitores começarão a moldar o Brasil dos próximos quatro anos, algumas verdades encaradas como mentirosas e muitas mentiras que soam como verdadeiras brotarão da lábia dos candidatos e da maquinação de propagandistas. Abaixo, uma breviário de (in)verdades que os eleitores ouvirão – muitas vezes para confirmar o que já creem. Guia prático: elas podem ser colocadas às avessas a depender da preferência do interlocutor.
* O meio ambiente brasiliano, especialmente a Amazônia, está sendo preservado.
* O Mensalão e a Lava-Jato foram invenções do Ministério Público. A confessada corrupção recorde de bilhões de reais, expressamente condenada por todas as instâncias da Justiça, nunca existiu. Caso tenha havido algum desvio, foi culpa dos procuradores e dos aliados políticos do Governo.
* A imunidade parlamentar é inviolável e a livre manifestação de pensamento um direito, mesmo que o alvo seja um sufeta.
* O Governo defende a democracia, em que pesem os encômios às finadas ditaduras da Argentina, do Chile, do Paraguai e do Brasil.
* Do outro lado, a democracia é igualmente um valor permanente, apesar da defesa explícita dos correntes regimes de Cuba, da Venezuela, da China e da Nicarágua.
* Não há abuso de poder quando um juiz, vítima de um ataque verbal, se torna acusador, xerife, inquiridor e carcereiro do agressor, além de árbitro de si mesmo. Pretores são imparciais.
* Os juízes eleitorais, que têm a senha das urnas de votação, querem interferir no resultado das eleições de outubro de 2022.
* Na invasão da Ucrânia pela Rússia, agredido e agressor são igualmente culpados. Portanto, a morte de civis ucranianos e a destruição da Nação invadida são culpas de ambos, Ucrânia e Rússia. Afinal, quando um não quer, dois não brigam e um apanha calado.
* Desacreditar reiteradamente as urnas eletrônicas não debilita a democracia. Ter sido eleito 7 vezes deputado federal e 1 vez presidente da República por este sistema eleitoral não indica que elas sejam confiáveis.
* Militares não tomaram partido nas eleições deste ano.
* Na crise sanitária da Covid-19, o Governo trabalhou desde o início pela saúde da população e para combater o coronavírus.
* Do lado oposto, desemprego recorde e recessão inédita não foram responsabilidade do Governo.
* Nenhum mandatário interferiu na Petrobras, tampouco manipulou-a politicamente por interesses eleitorais.
* Houve fraude eleitoral na eleição de 2018, onde o vencedor obteve 57,7 milhões de votos (10 milhões a mais do que o adversário).
* O impeachment da mandatária eleita foi um coup d’état, com a chancela unânime da Corte Suprema, o voto da maioria parlamentar acachapante e o respaldo de amplo apoio popular.
* Não há corrupção no Governo Federal.
* A chamada extrema direita, que antes vivia no armário, deu às caras e resolveu fazer política explícita, o que é negativo, pois só quem pode dizer bobagens é a chamada extrema esquerda.
* A intimidade de um miliciano com um mandatário é normal, nada diz a respeito do caráter do mandatário. Nem o do miliciano.
* A aliança com o Centrão é exclusividade do hodierno governo.
* O aumento de R$ 200,00 do Auxílio Brasil e a duplicação do Vale Gás (para R$ 120,00) vão quebrar o Brasil. Pobres e miseráveis podiam esperar mais um pouco por estes benefícios. Afinal, o Governo Federal já despende bilhões com benesses para servidores, bilhões para financiar partidos políticos e bilhões com obras inacabadas ou mal planejadas, além de abrir mão de bilhões com gasto tributário.
* O novo Congresso Nacional, eleito em 2022, vai estar repetindo o erro do atual caso prorrogue o valor do novo Bolsa Família – ou, pior, torne-o definitivo.
* Os sufetas não se envolvem em política e julgam de acordo com a Constituição. Quando mudam uma decisão em 180º estão apenas atualizando o app da Justiça. Ou corrigindo a Constituição, tanto faz.
* Não existem eleitores idiotas. A crença em salvadores da pátria, o esporte nacional de furar filas, o orgulho de cidadãos que alardeiam a vantagem que levam sobre os concidadãos e a preferência pelo sertanejo não tornam um povo idiota.
* Como se sabe, o problema do Brasil não é o povo, mas os 594 parlamentares por ele eleito pelo voto direto, secreto, universal e livre.
* Regulamentar a mídia não significa censurar a imprensa.
* O aborto é exclusivamente uma questão de saúde pública; nada tem a ver com moral, ética, direito à vida, conceito de vida e direitos humanos dos nascituros.
* O politicamente correto não é impositivo nem patrulheiro. E nada tem a ver com a reação do conservadorismo.
* As chamadas direita e esquerda são opostas – embora seus extremos, na essência, se aproximem, como no liberticídio e no autoritarismo.
* A radicalização em alta acelerada no Brasil vai cessar em outubro deste ano com a vitória de um dos extremos políticos brasilianos.
* Quem é democrata só tem uma opção em outubro; para quem é cristão, resta apenas o outro lado.
* É preciso subjugar o oponente e seus apoiadores – mesmo que cada um dos lados detenha legião de seguidores que pode representar 20% a 30% da população.
* Em 2022, quem não votar num extremo é fascista; quem não votar no outro, é comunista.
* Apoiar a moderação e a tolerância políticas não significa pacificar o País e remover a polarização do poder para baixar a poeira do radicalismo como forma de priorizar o desenvolvimento econômico e social.
* Os moderados, que rejeitam os extremos, são os responsáveis pelo quadro de polarização em curso, pois não votam no lado certo.