A Operação Cui Bono?, da Polícia Federal, serve como novo alerta para o presidente Michel Temer se antecipar às futuras denúncias e trocar alguns sabujos de seu time. A corrupção na Caixa Econômica Federal, conforme denunciou o Ministério Público, atingiu em cheio o ex-ministro Geddel Vieira Lima – afora o ex-deputado Eduardo Cunha, já encarcerado.
O afastamento de Geddel da Secretaria de Governo em novembro de 2016, após ser flagrado traficando interesses imobiliários pessoais dentro da máquina estatal, livrou o Palácio do Planalto de novo constrangimento, já que a acusação divulgada nesta sexta, 13, é muito mais grave do que a anterior. A íntima ligação do ex-ministro com o presidente da República deixaria mais uma vez o Planalto exposto.
Como se sabe, o mandato-tampão de Temer tem sido pródigo por abrigar auxiliares diretos flagrados ou suspeitos de maracutaias. Tendo isto em vista, Os Divergentes já registrou que o presidente pode aprender com os escândalos já divulgados para se prevenir contra os que estão em curso ou aguardar desgaste vindouro.
Quase nada pode fazer o mandatário contra a divulgação de novas denúncias. Mas, por prudência, pode se antecipar e afastar preventivamente os que provavelmente serão alcançados pelas investigações policiais e partilham do convívio presidencial.
Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, e Moreira Franco, formalmente um secretário mas, na prática, um dos mais poderosos auxiliares presidenciais, são alvos recorrentes de denúncias. Temer tem condições de saber diretamente de ambos se estão envolvidos em malfeitos.
Caso os preserve de demissões profiláticas é porque confia que ambos estão limpos. Porém, se houver suspeitas melhor convidá-los a retirar-se do recinto palaciano do que ser forçado a ejetá-los em meio a uma das operações policiais que estão no forno.
Se é que não estão prontas para serem servidas. O jornalista Daniel Pereira, da revista Veja deste fim de semana, informa que 40 executivos e controladores da gigante Camargo Corrêa preparam-se para se tornar delatores.
De acordo com o magazine, “200 políticos vão aparecer na lista da propina“. Dado o tamanho da base governista de Temer provável encontrar nela aliados enrolados com a polícia.