Na última sabatina dos presidenciáveis, nesta quinta, 30, o Jornal Nacional usou a mesma receita editorial. Ao longo da semana, bombardeou Ciro, Bolsonaro, Alckmin e Marina pespegando-lhes intencionalmente uma imagem negativa.
- Leia também: Alckmin, o previsível
- Leia também: Furor libertário do STF pode levar o País de volta à impunidade histórica
O modelo não é exclusivo do JN, repete um cacoete do jornalismo brasiliano. Nivelar todos os políticos por baixo, como se nenhum deles prestasse. É a regra implícita dos Manuais de Redação e da ciência política nas academias: nunca fale bem de um político.
Óbvio que jornalistas têm que ser incisivos com entrevistados. Mas o protagonista deve ser sempre a fonte. Afinal, são boas respostas que rendem bons leads.
Como exemplo do interrogatório global, a insistência quase ingênua de apontar simples contradição nas amplas alianças eleitorais. Ora, como governar o Brasil sem coligações e alianças?
“Se nenhum político presta,
pra que serve mesmo o Parlamento?”
Estranho seria um político declarar que pretende ser presidente da República sem aliar-se a miríade de siglas que se proliferam como larvas em carniça. São amorfas, mas com o poder dos votos. Os últimos que fizeram isto, os generais ditadores, criaram uma legenda de estimação, a Arena.
Alianças pra quê?
FHC e Lula, hábeis negociadores, cederam a mancheias a esdrúxulos acordos partidários. Sobreviveram oito anos cada como presidentes, deixando legados importantes e duradouros na economia e no social – vide a estabilidade econômica e a distribuição de renda.
Já os arrogantes Collor e Dilma desprezaram o Parlamento. Caíram ambos.
O primeiro não deixou quase nada, a não ser o embrião de uma abertura comercial – noves fora o caminho aberto para Itamar Franco, que viabilizou o Plano Real. A segunda legou a ruína econômica e o fardo do desemprego – a herança maldita do PT.
Jornalistas e cientistas políticos cobram o voto consciente, mas vendem um quadro onde todos os gatos são pardos. Se nenhum político presta, pra que serve mesmo o Parlamento?