Com Haddad em campanha, PT perde a pressa mas teme TSE

Candidato à Vice-Presidência da República, Fernando Haddad fala durante diálogo com a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) em Brasília. DF, 14/08/2018 - Foto Orlando Brito

É natural que o PT tenha perdido a pressa para indicar Fernando Haddad no lugar de Lula depois de ganhar do TSE autorização para manter seus programas na TV, ainda que com a proibição de mostrar o ex-presidente como candidato. Não precisa. Basta mostrar Lula lá, ainda preso, e falar da decisão que o excluiu da urna, tudo com apresentação do próprio Haddad. Na prática, o ex-prefeito de São Paulo já está em campanha, ficando mais conhecido e colando sua imagem à de Lula.

Só falta oficializar. Na visão de parte da cúpula petista, quanto mais no fim do prazo, que acaba dia 11, melhor. Até porque, ao longo desse período, será apresentado o recurso ao STF contra a cassação de Lula – que tem pouquíssima chance de ser bem sucedido mas dá continuidade à bem sucedida narrativa da perseguição política ao ex-presidente e continua no foco do noticiário da campanha. No raciocínio petista, indicar um substituto e, ao mesmo tempo, recorrer ao STF, poderia passar uma ideia de incoerência ao público.

Tudo muito bom, tudo muito bem. Mas a direção petista sabe que esta será uma semana delicadíssima, em que deve ficar com um olho no gato e outro na frigideira. A tática de empurrar mais uns dias a indicação de Haddad pode esbarrar numa eventual decisão da Justiça Eleitoral de recuar do recuo e acabar suspendendo o programa do partido na TV se ele continuar na mesma toada da bi-candidatura não assumida. Seus adversários, inclusive, estão pensando em apresentar recurso ao TSE para isso.

Aí a coisa muda de figura, pois numa campanha curta como essa, e com a necessidade de Haddad se tornar conhecido em tempo recorde, o PT não pode se dar ao luxo de perder nenhum programa. Terá que disparar o gatilho e substituir Lula por Haddad. Para muita gente, o dia ideial para isso, pelo simbolismo, seria o 7 de setembro, na próxima sexta-feira.

Mas a estratégia está sendo calibrada dia-a-dia e será submetida amanhã a Lula.

 

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