Quem conhece o senador Jorge Viana dentro do próprio PT, onde é considerado um moderado, sabe que ele não vai arcar com a responsabilidade de inviabilizar economicamente o governo Temer enterrando a votação da PEC do Teto este ano. Viana não vai facilitar as coisas para o Planalto, pode até adiar a votação, mas vai deixar que o assunto siga seu curso natural: se o governo souber mobilizar sua maioria no plenário do Senado, submeter-se-á a ela.
O ex-governador do Acre, irmão do atual governador, é um político que dá nó em pingo d’água. Conseguiu, ao mesmo tempo, manter-se amigo de Lula e de Fernando Henrique Cardoso, que era presidente da República quando ele governou o estado e teve que encarar um duro enfrentamento com o crime organizado, ajudado pelo governo federal. De lá para cá, a família Viana manteve a hegemonia política no Acre e se revezou em postos importantes também em Brasília. Só para lembrar, o lugar que ocupa hoje, se primeiro vice do Senado, já foi ocupado por seu irmão Tião.
É por aí que, apesar do agravamento da crise nas últimas horas, Viana não encarna o maior temor dos governistas. É um sujeito que não rema contra a maré nem dá murro em ponta de faca. Poderá manter sua posição contrária à PEC, mas não fará manobras contra a vontade da maioria.
A questão agora, para o Planalto, é organizar e garantir essa maioria no Senado. Ou seja, não permitir que a escalada da disputa entre Congresso e Judiciário eleve a tensão a um nível que inviabilize a normalidade e o funcionamento das instituições.