Não vai ser fácil a vida de Henrique Meirelles como candidato. Aliás, talvez não venha a ser fácil, para Meirelles, nem ser candidato pelo MDB, apesar da desistência explícita e inevitável de Michel Temer. Hoje pela manhã, por exemplo, já havia gente de nariz torcido no Planalto e em setores do partido com a entrevista ensaboada do ex-ministro da Fazenda ao Estadão, na qual tratou de escapar à condição de candidato do governo.
Pobre Meirelles! Foi uma atitude de humana autodefesa, pois não há ninguém neste mundo que veja alguma coisa boa em ser o candidato de um governo recordista em rejeição, com a obrigação de defender aquilo que o Planalto chama de legado. Só que, se não fizer isso, o ex-ministro pode ser punido de véspera e nem conseguir a legenda emedebista para sua candidatura.
Afinal, Meirelles não tem sozinho a maioria da convenção do MDB que irá decidir, em julho, se o partido terá candidato e quem será ele. Aqui e ali, vemos setores oposicionistas do partido se mobilizando para apresentar outros nomes, com o único e claro intuito de rifar o ex-ministro na hora do voto dos convencionais. Coisa na qual o MDB é expert – que o digam Itamar Franco e Anthony Garotinho, ejetados de seus planos presidenciais em plena convenção.
O único jeito de Meirelles ter maioria no MDB é o presidente Michel Temer, seu principal cacique, arregaçar as mangas e garantir os votos internamente. Mas será que ele vai fazer isso se achar que o ex-ministro está relutante em se apresentar como candidato de seu governo?