Usuários buscam moderação e Manuela lidera relevância no Twitter

Por Maria Luiza Abbott e Marcelo Stoppa

Numa semana de caos, em que a greve dos caminhoneiros causou desabastecimento, revelou a fragilidade do governo e levou a apelos pela volta dos militares, a moderação foi premiada no ecossistema das eleições no Twitter. A análise semanal da AJA Solutions mostra que a pré-candidata do PC do B, Manuela D´Ávila, conquistou o 1º lugar no ranking de relevância e visibilidade no Twitter, ganhando dez pontos percentuais com um discurso moderado e recheado de memes de humor – que vem dominando sua comunicação no Twitter.

A necessidade de moderação foi sentida pelo deputado Jair Bolsonaro, o pré-candidato que mais parecia estimular a greve no começo. No dia 29, ele recuou ao dizer que o movimento tinha ido longe demais, em entrevista à rádio BandNews, quando também afirmou que nunca defendeu intervenção militar. A combinação desagradou seus combativos seguidores e ele caiu para 2º lugar, perdendo 17 pontos.

Pela primeira vez, desde que a AJA começou as análises, há três meses, a imagem de Bolsonaro como um político que diz o que pensa e não aquilo que lhe rende dividendos, sofreu arranhões dentro de sua própria órbita. A queda do deputado no ranking desta semana confirma a tendência detectada pela análise métrica e qualitativa da AJA nos últimos dois estudos da AJA. A retórica agressiva garante visibilidade a ele entre seus seguidores, mas baixa eficiência na amplificação de sua mensagem para fora de sua rede. Quando ele busca amenizar o discurso para atrair usuários além de sua órbita, esbarra na resistência de seus seguidores na disseminação de sua mensagem e sua fatia na relevância dos pré-candidatos cai.

O ex-presidente Lula manteve 3º lugar no ranking de relevância no Twitter pela terceira semana consecutiva. Sem um posicionamento sobre as greves da semana, a sua fatia no total foi sustentada principalmente pelos resultados de pesquisa da Vox Populi mostrando que ele ganharia no primeiro turno. Em 4º lugar, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, que teve fatia de relevância estável com críticas ao governo e à política de preços da Petrobras e apoio à greve dos petroleiros.

E em 5º, novamente, o presidente Michel Temer, com sua visibilidade ligada diretamente a críticas e memes, às vezes de humor cáustico, sobre a atuação do governo na greve. Os três pré-candidatos de centro mais citados por analistas – o senador Álvaro Dias (Podemos), o ex.governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) – tiveram uma fatia do total da relevância muito abaixo do patamar mínimo de sensibilização.

O estudo desta semana incluiu também as análises métrica e qualitativa do desempenho dos principais pré-candidatos no Facebook no mês de maio. Os usuários da rede social valorizaram a abordagem de tópicos variados. No mês, a estratégia de Boulos foi a que mais deu resultados proporcionais na busca de engajamento de usuários – com uma rede pequena de seguidores, ele conseguiu fazer sua mensagem chegar a um número proporcionalmente grande de usuários do Facebook.

Em 2º lugar nesse ranking de eficiência no Facebook está a comunicação de Manuela, seguida de João Amoêdo (Novo). O resultado do mês pode animar Amoêdo, mas as métricas do Twitter – que antecipam tendências – mostram que sua fatia na relevância dos pré-candidatos vinha estacionada nas últimas duas semanas e caiu um pouco nesta.
A relevância dos pré-candidatos nas redes tem influência direta sobre o crowdfunding – financiamento participativo, que pela primeira vez foi permitido como forma de levantar recursos para campanha.

Para o estudo desta semana, foram analisados 552.216 interações entre 266.117 pessoas. O mapa de relevância e visibilidade em versão interativa (disponível para assinantes), revela os erros, acertos e os caminhos para ganhar relevância. Para o relatório concreto, clique aqui.

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