Um estranho clima de normalidade tomou conta de Brasília hoje, véspera de feriado. Depois de votar até as 4hs da manhã, deputados e senadores já zarparam rumo a seus estados. Os restaurantes estão mais vazios, as ruas menos movimentadas, o entra-e-sai do Planalto reduzido, o Alvorada quieto. Só que não. A calma é só aparência, pois boa parte do mundo político começa o feriadão em estado de ansiedade.
Os caciques do PMDB do Senado, por exemplo, estão à beira de um ataque de nervos. O ministro do STF, Teori Zavaski, homologou hoje a delação premiada do novo homem bomba do governo, o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e os peemedebistas ficaram sabendo que há muito mais conversas gravadas do que as que vazaram até agora, inclusive com outros personagens.
As gravações já derrubaram Romero Jucá do Planejamento e deixaram Renan Calheiros e José Sarney em situação de constrangimento. O ex-presidente virou personagem agora à tarde, em nova gravação trazida pela Folha em que se prontificou a ajudar Machado a sair da instância de Curitiba para ser processado no STF, mas “sem botar advogado no meio”.
Renan, por sua vez, saiu juridicamente ileso do trecho publicado pelo jornal hoje, mas há muitos outros. Hoje, aparecerem diálogos em que o presidente do Senado, que defendeu restrições à delação premiada, fez inconfidências sobre conversas da presidente da República com dirigentes importantes da mídia, que ficaram expostos. Nenhum crime, muita fofoca e constrangimento.
Nesse momento, boa parte das bancadas do PMDB e do PSDB no Senado, além de alguns senadores petistas, está tentando reconstituir na memória suas últimas conversas com Sérgio Machado, um ex-deputado e ex-senador com muitos amigos em Brasília. Esses personagens sabem que o que resta das gravações – muitas horas ainda – vai vazar nos próximos dias. Vai ser um feriado tenso.