Num governo que já voltou atrás tantas vezes, mais uma não representaria um dano tão grande assim diante do possível ganho em interlocução com a sociedade. Se o Planalto convidasse as lideranças do movimento de ocupação das escolas secundárias para o diálogo, retirando do Congresso a medida provisória que altera o currículo, surpreenderia o país com uma demonstração de tolerância e abertura ao debate democrático.
O movimento cresce a olhos vistos, entrou nos holofotes da mídia nacional com o adiamento de parte das provas do ENEM por falta de local para sua aplicação, e pode resultar em grande desgaste para o governo.
É preciso tratar o assunto como prioridade e resolver logo o problema, que já está ganhando espaço até na mídia internacional. A estudante paranaense Ana Júlia, de 16 anos, que surpreendeu o país com um discurso articulado e político, por exemplo, está atraindo as atenções dos setores de esquerda além das nossas fronteiras.
Importante veículo da esquerda norte-americana, a revista Jacobin publicou artigo extremamente favorável à Ana Júlia e ao movimento dos estudantes brasileiros – que, não por acaso, já recebeu o apoio de Lula e pode se transformar em importante polo de oposição entre os jovens brasileiros. Aqui vai o link da Jacobin: https://www.jacobinmag.com/2016/11/brazil-student-occupations-education-temer/