A decisão da ministra Rosa Weber de negar o pedido do MBL para declarar o ex-presidente Lula inelegível deu certo alento aos petistas. No mínimo, o partido terá o tempo planejado para fazer render a candidatura até o fim de agosto ou início de setembro. O PT deixará para registrar Lula no último dia do prazo, 15 de agosto, que é justamente o primeiro de Rosa Weber como presidente do TSE, cargo que até a véspera estará sendo ocupado por Luiz Fux – que já deixou clara sua opinião sobre a inelegibilidade do ex-presidente em dezenas de entrevistas.
Não que alguém acredite que Rosa Weber, uma ministra extremamente técnica, irá salvar Lula da inelegibilidade. Com ela, porém, tem-se uma certa garantia de que prazos serão cumpridos e direitos de defesa respeitados, sem julgamentos sumários e pirotécnicos.
Isso é importante para a estratégia petista. Quanto mais tempo Lula for candidato, e quanto mais próxima da eleição for a cassação de seu registro, maior será sua capacidade de transferência de votos ao substituto, que hoje está mais para Fernando Haddad do que qualquer outro nome. Inclusive pelo fator emocional, que será bem trabalhado dentro da narrativa que tem como centro um personagem preso e impedido de concorrer, embora lidere as pesquisas.
O maior problema do PT agora é afinar o segundo ponto dessa estratégia. Se o script correr conforme o previsto, Lula, provavelmente ainda preso, terá cerca de um mês antes do primeiro turno para transferir esses votos.
As pesquisas mostram que as intenções de voto em Haddad aumentam consideravelmente quando o nome dele é apresentado como candidato de Lula. Só que essa designação não virá na urna. Com Lula encarcerado e proibido de falar e dar entrevistas, o desafio será, no pouco tempo que restará, colar a imagemde Haddad à do ex-presidente.