Depois da família do próprio Jair Bolsonaro, esta noite ninguém ficou mais preocupado com a cirurgia de emergência que ele sofreu do que a cúpula do PT. A campanha de Fernando Haddad viu nesta manhã com alívio as notícias de que o deputado passa bem – e, portanto, continua no páreo, mantendo a perspectiva de pegar uma das vagas do segundo turno. A esta altura do campeonato, se o pior acontecesse a Bolsonaro (Deus nos livre!), ou se ele tivesse que se retirar da disputa por razões de saúde, a estratégia iria por água abaixo.
A maior preocupação dos articuladores da candidatura Fernando Haddad hoje não é com a transferência de votos do ex-presidente Lula – que eles consideram certa ao menos em número suficiente para chegar ao segundo turno – e nem com a pancadaria dos adversários, de quem o ex-prefeito de SP já se tornou alvo preferencial. O maior medo dos petistas é ir para o segundo turno com alguém que não seja Jair Bolsonaro.
O capitão deputado é considerado terreno conhecido e relativamente seguro para qualquer adversário na etapa final da eleição. Sua força pode ser grande hoje, lastreado na indignação dos setores mais cinservadores da sociedade, mas as pesquisas mostram que a direita brasileira tem um teto que hoje não supera os 25%. No caso do PT, polarizar com Bolsonaro pode ser a chance se atrair aquele eleitorado de centro que também não está com o PT neste pleito, mas que o considera menos pior do que o deputado.
Ninguém se elege no segundo turno sem essa fatia do centro, que traz consigo boa parte do establishment, da classe média e da própria mídia. Se Haddad disputar o segundo turno com outro candidato, como Geraldo Alckmin ou Ciro Gomes, por exemplo, corre sério risco de inverter sua posição de salvador do Brasil de Bolsonaro e tornar-se, ele sim, o personagem da narrativa a ser eliminado.
Deve ter caciques petistas mandando flores a Bolsonaro hoje na UTI.