É ou não é um julgamento político? A sessão do TRF-4 começou fria, com o relatório lido em tom burocrático pelo relator João Paulo Gebran Neto, mas esquentou em seguida com a intervenção do procurador Maurício Gerum. Ao bradar justamente contra as “tropas de choque” que teriam politizado o julgamento do ex-presidente, Gerum adotou linguagem política e fez observações políticas.
“Lamentavelmente, Lula se corrompeu”, disse o procurador, atribuindo ao ex-presidente um papel decisivo no “maior esquema de corrupção deste país”.
Gerum tratou do processo, citando a cronologia das supostas tratativas entre a família do ex-presidente e a OAS em torno da aquisição do apartamento e ligou o episódio à corrupção na Petrobras citando depoimentos de Pedro Correa e Renato Duque em que eles teriam dito que Lula de tudo sabia em relação ao que se passava na estatal.
Mas resvalou na política com observações sobre a “gravidade e a irresponsabilidade” dos que, segundo ele, querem interferir no processo judicial para “perpetuar um projeto político pessoal”. Referindo-se indiretamente ao apoio manifestado por setores da intelectualidade ao ex-presidente, apontou uma “comunidade acadêmica entorpecida”.
Pelo jeito, vai ser um julgamento animado.