O primeiro teste do ministro Edson Fachin no posto de relator da Lava Jato será sua posição no julgamento da reclamação do ex-deputado Eduardo Cunha contra sua prisão, nesta quarta-feira, no plenário do STF. É bom lembrar que o assunto foi parar lá porque Teori Zavascki identificara, em dezembro passado, uma perigosa tendência da segunda turma da Corte a libertar Cunha.
Houve uma forte articulação de bastidores no PMDB e no governo para tentar influenciar o Supremo a tirar Cunha da cadeia – e, com isso, evitar uma delação premiada.
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Ao constatar que o ex-deputado poderia ter a seu favor os votos de três integrantes da turma – Gilmar, Toffoli e Lewandowski – Teori suspendeu o julgamento e pediu quero caso fosse examinado pelo plenário, o que é uma prerrogativa do relator. Com isso, praticamente revelou, indiretamente, que seu voto seria por manter Cunha preso.
Edson Fachin não tem que manter as posições de Teori na Lava Jato. Mas uma mudança de orientação no caso de Eduardo Cunha a esta altura do campeonato seria emblemática. Além de ser o primeiro ato de um novo relator escolhido com grande expectativa, pode passar a ideia de que o STF resolveu botar um freio na Lava Jato.
Por isso, as apostas em Brasília são de que, depois de amanhã, Eduardo Cunha continuará preso.