Prisão de Cabral pode atingir todo o PMDB

Sérgio Cabral - Foto Orlando Brito

O PMDB de Sérgio Cabral nunca foi mesmo o PMDB de Michel Temer e seus aliados mais chegados. Muito pelo contrário, eles até disputavam internamente o controle do partido e os espaços no governo federal. Mas, por mais que os caciques do PMDB e até o Palácio do Planalto insistam que para eles são mínimas as consequências da prisão do ex-governador do Rio, e tentem jogar Sergio Cabral no colo do PT, é evidente que o episódio os atinge. Deixa todo o resto do PMDB no alvo e com os nervos à flor da pele.

Por isso, devem tomar um certo cuidado com o discurso do não-tenho-nada-com-isso. No mínimo, é subestimar a lógica e a inteligência do distinto público.

O esquema desmontado hoje pela operação que reuniu Rio e Curitiba para produzir mais um filhote da Lava Jato pode ter no centro e no comando o ex-governador Sérgio Cabral, mas tem óbvios vasos comunicantes com outros esquemas que envolvem o PMDB. Afinal, lembram ex-peemedebistas experientes, há personagens e empresas em comum, a começar pelas empreiteiras e operadores citados, como Andrade Gutierrez, Delta, Camargo Correa, Adir Assad, etc.

Ingenuidade imaginar que os delatores que hoje entregam Cabral não estão para entregar também outros personagens do PMDB, assim como já entregaram petistas e outros. Não há sinais de que a Calicute seja um dos capítulos finais da história, e o que se diz é que muito virá ainda. Talvez em ritmo mais lento, já que sob o comando do STF, mas virá.

O estrago político mais imediato de hoje atinge sobretudo o governador Luiz Fernando Pezão e seus aliados, que tentam aprovar um pacote emergencial para evitar a quebradeira do estado. Mas não há como ignorar que a bala de canhão – que já derrubou o PT – agora atinge em cheio o PMDB, que por mais que se tente disfarçar é o partido do presidente da República.

 

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