A agenda explícita das articulações dos políticos neste recesso é a eleição para os comandos da Câmara e do Senado, logo no início de fevereiro. Mas a pauta principal, aquela que importa de verdade para os caciques dos principais partidos, continua sendo a saída para a maioria deles das malhas da Lava Jato. Acima de tudo, é isso que importa, no momento, para o PMDB, o PSDB, o PT, o Planalto, o Congresso, enfim, para a maioria do establishment político. As conversas estão evoluindo e passam pelas eleições na Câmara e no Senado, hoje na ponta desse iceberg.
Na essência, as soluções discutidas continuam as mesmas: uma ação ou legislação que delimite e separe os crimes de caixa 2 e de corrupção, permitindo que boa parte dos políticos mencionados na delação da Odebrecht se safe da cadeia e de processos mais duros, sob o argumento de ter recebido recursos eleitorais, sem ter dado nada em troca. Para alguns, essa explicação pode ser difícil, mas a maioria vai tomar esse caminho até prova em contrário.
Por isso, estão articulando uma mudança na lei partidária – quem sabe via reforma política – que deixe clara a tipificação desse crime, ou em sua interpretação, sob a forma de uma decisão de algum tribunal nesse sentido – no caso, o STF ou o TSE, onde o Planalto e os maiores partidos têm um bom aliado e articulador na figura do ministro Gilmar Mendes.
Toda essa articulação vem correndo junto com as conversas do deputado Rodrigo Maia e de outros candidatos ao comando das duas Casas do Congresso. O acordo político que for forjado em torno da eleição, com o apoio do Planalto, vai incluir a anistia, ou qualquer outro nome que se dê, ao pessoal do caixa 2 da Lava Jato. Na verdade, a rigor, o Caixa 2 é a anistia, ou pelo menos o que livrará os acusados de punições maiores. Se se consolidar como artífice dessa solução, Maia terá a presidência da Câmara e o controle da Casa no papo.
Junto com a conversa sobre o caixa 2, vem também um acordo para que seja aprovado o projeto coibindo de forma mais dura o abuso de autoridade de juízes e procuradores. Ele têm o apoio da maioria dos deputados e senadores, mas poderá funcionar, junto a esse público, como o bode na sala. Ou seja, aquele item que poderá ser retirado da pauta se eles não fizerem gritaria contra a anistia – ou seja lá o que – do caixa 2.