O jet lag do presidente Michel Temer, que está chegando do outro lado do mundo, não irá impedi-lo de passar as próximas horas reunido com seu entorno para discutir uma estratégia de sobrevivência no pós-prisão de Eduardo Cunha. Sabem os aliados mais próximos de Michel que o destino final de todos está na mão de Deus – que, por incrível que pareça, hoje é a de Cunha – mas os mais sensatos atentam para a necessidade de não morrer de véspera.
Morrer de véspera, no caso do Planalto, seria deixar que o clima de nervosismo e desespero antecipando uma eventual delação do deputado cassado paralisasse o governo. Nesse sentido, caciques importantes do PMDB ficaram preocupados com a reação do Congresso nesta quarta da prisão de Cunha. Sessões suspensas, votações adiadas na Câmara, perplexidade nas declarações à imprensa. Tudo isso compôs um quadro de medo, insegurança, instabilidade – exatamente o que Michel Temer tem que evitar agora.
Se o governo tiver que morrer apunhalado por Cunha, que morra, mas na hora certa e sem deixar de lutar, dizem os amigos de Michel.
Por isso, a reação do Planalto e dos aliados nas próximas hora será convocar suas bancadas e votar. O maior sinal de normalidade que o governo pode dar neste momento é votar na próxima segunda-feira o segundo turno na PEC do Teto na Câmara. Além de a matéria ser importante por todas as razões já conhecidas, neste momento ela se torna crucial para dar ao país um sinal de governabilidade.
Até para fazer o establishment político e econômico se mobilizar a favor de um governo que, neste momento, representa seus interesses.