Os governistas já começaram a receber as primeiras pesquisas sobre a intervenção federal na segurança do Rio, e fica claro por que, na madrugada e na noite de ontem, Câmara (340) e Senado (55) deram tantos votos a favor do decreto de Michel Temer, com números que aprovariam facilmente a reforma da Previdência, por exemplo. Não é só no Rio de Janeiro que a maioria aprova a intervenção. Pesquisa do Instituto Paraná feita em todo o Brasil mostra que 74,1% das pessoas são favoráveis à intervenção, contra 20,5% que não aprovam.
O levantamento foi feito online, na segunda e na terça-feira, ouvindo 2.882 pessoas de todo o país. Ficou claro também para o governo que, aprovada o decreto em tempo recorde, agora vai começar a cobrança dos políticos dos outros estados – já que a violência não assusta só o Rio. Nada menos do que 67,6% das pessoas são favoráveis a que seja feita uma intervenção do tipo para combater a violência nos municípios onde residem. Outros 27,6% acham desnecessária e 4,8% não sabem responder.
No mínimo, esses levantamentos mostram que o tema da segurança deve entrar definitivamente na agenda eleitoral de outubro, o que vai exigir um reposicionamento dos candidatos sobre o assunto. Dificilmente Michel Temer conseguirá tirar em definitivo essa bandeira das mãos de Jair Bolsonaro, o que só ocorreria na hipótese remota de a operação no Rio ser um tal sucesso que conseguisse resolver o problema – o que é impossível.
Por outro lado, os candidatos de esquerda, inclusive do PT, vão ter que repensar posições como a de ficar radicalmente contra a intervenção, como ocorreu na Câmara e no Senado. Por mais que denunciem o caráter “marqueteiro” da decisão do governo, e a clara tentativa de Temer de se viabilizar candidato, correm grande risco se a opinião pública continuar aprovando a intervenção até outubro. O tempo, e o desempenho do Exército no Rio, dirão.