O que faz um político quando está metido até a raiz dos cabelos numa situação desfavorável? Cria, ou torce para que se crie, uma confusão maior ainda para se sobrepor à sua. Aposta no caos. É o que tende a fazer o presidente do Senado, Renan Calheiros, e outros alvos do pedido de prisão do PGR Rodrigo Janot ao STF, como Romero Jucá e José Sarney. O pedido foi divulgado hoje cedo pelo Globo e confirmado pelo resto da mídia, com o obrigatório acréscimo de Eduardo Cunha à lista.
Não se sabe nem quando e nem se o Supremo vai acolher o pedido, que está sendo examinado pelo relator Teori Zavascki mas só deve ser decidido pelo plenário. Quem conhece a lógica do STF acha que a corte nada decidirá de afogadilho, e que sua tendência é negar o pedido, pelo menos da forma que foi formulado, em pacote. Pode acolher num caso ou outro, mas não vai tocar fogo na República.
Renan, assim como Cunha, pode vir a ser afastado do cargo de presidente do Senado. Prendê-lo, bem como ao já ancião ex -presidente Sarney, ainda que em domiciliar, é hipótese remotíssima. O Supremo não se encorajou a fazer isso nem com o malvado favorito de todos, Cunha, apesar de tudo o que pesa contra ele.
Mas o simples fato de o pedido de prisão ter sido formulado e estar sendo examinado mostra que a chapa esquentou muito, e não só para os políticos citados, mas para todos, inclusive o governo Michel Temer.
Afinal, quem não tem mais nada a perder pode facilmente botar fogo no circo inteiro. A aposta dos atingidos no caos, neste momento delicado, pode trazer de vez a instabilidade ao quadro político e levar junto a votação do impeachment no Senado – que, coincidência ou não, está nas mãos do trio parada dura que Janot quer botar na cadeia.