Pau que mata Lula, mata Michel. Quem disse foi o advogado Antônio Claudio Mariz, num pronunciamento final na CCJ da Câmara cheio de mensagens e recados. Com um Lula recém-condenado e réu em mais quatro processos, o defensor de Michel Temer saiu da esfera jurídica para um discurso político em que conclamou os parlamentes a se unirem contra os avanços do Ministério Público.
É o que restará a Temer, depois de lançar mão de todos os recursos possíveis no plano fisiológico das verbas, emendas, favores, pressões partidárias, etc: recorrer ao espírito de corpo da casa, e ao temor do “eu sou você amanhã” para colher ao menos algumas ausências de deputados oposicionistas ou independentes para não permitir que seus adversários reúnam os 342 votos necessários para afastá-lo.
Não restam dúvidas de que o adiamento para agosto da votação da denúncia no plenário da Câmara é, sim, uma derrota do Planalto que deixa o presidente nas mãos do imponderável. Até lá, com a revelação das delações de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, poderá ser maior o desgaste na opinião pública. O ainda PGR Rodrigo Janot também terá tempo para mais uma denúncia.
Urge, portanto, para os governistas, criar dentro da Casa um clima de união contra um inimigo comum, que pode ser o MP, a Justiça, a mídia e quem mais ameaçar seus mandatos. Estratégia difícil de dar certo, já que o primeiro instinto dos políticos, nessas horas, é entregar o próximo para salvar o seu. É curioso, porém, ver os destinos de Lula e Temer entrelaçados.