Em meio ao ambiente de fragilidade política, o anúncio do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que as previsões de crescimento da economia para este ano estão sendo revistas para menos de 0,5% e a previsão de que poderá ter que aumentar impostos tocam num ponto extremamente sensível da sustentação de Michel Temer no governo: o apoio do PIB. É tudo o que Michel não pode perder agora.
Até agora, por pior que venham sendo as notícias na seara política – trazendo a perspectiva de que o presidente venha a ser processado por corrupção e outros crimes – a economia vem sendo um importante sustentáculo para o presidente. A convicção de que a atual equipe econômica será mantida no controle das coisas e que o país segue nos seus pequenos sinais de recuperação asseguraram até agora o apoio do establishment econômico ao presidente.
Ruim com ele, pior sem ele, ouve-se muito entre empresários de todos os setores, temerosos sobretudo de que a queda de Temer leve a uma antecipação da eleição direta, trazendo a possibilidade de levar o ex-presidente Lula de volta ao Planalto. Não há também, nesses setores, qualquer entusiasmo em relação aos nomes que vêm sendo colocados para uma eventual eleição indireta.
Uma coisa que poderá mudar essa situação de uma hora para outra seria uma degringolada na economia. Diante dessa eventualidade, e da evidência de que vai ficar difícil levar adiante qualquer reforma na Previdência, empresários e mercado não segurariam a debandada e vão buscar alternativas. Principalmente se o próprio governo Temer der um empurrão a esse movimento, abrindo o cofre e fazendo concessões aos políticos para enterrar, em votação na Câmara, a denúncia apresentada pelo PGR.
Nesse caso, de nada adiantarão os esforços do Planalto para se salvar. Se o PIB debandar, os deputados também debandam, independentemente do que tenham recebido. É pelo lado lado da economia, portanto, que pode vir o pior para o governo Temer.