O fato principal da eleição de Rodrigo Maia na Câmara é que o governo mostrou ao mercado e aos agentes econômicos que tem maioria para aprovar a pauta das reformas para recuperação da economia. Ao desidratar a candidatura oposicionista de Marcelo Castro e colocar dois aliados no segundo turno, o Planalto ganhou o jogo. É bom lembrar, porém, que seu plano A se chamava Rogério Rosso, o candidato preferido de Eduardo Cunha, que saiu muito menor da disputa mas ainda é um zumbi solto por aí.
Por isso, a quinta-feira amanheceu tranquila para Michel Temer e os seus, mas não festiva. Há mortos e feridos a recolher e parafusos a apertar. Por exemplo:
1. O PMDB de Temer, que num lance surpresa chegou ao plenário com Marcelo Castro, mostrou que continua dividido e disposto a ser uma fonte de problemas. No lado problemático está inclusive o ministro dos Esportes, Leonardo Picciani. O que eles querem? Mais espaço, traduzido sobretudo em cargos e apoio. Os peemedebistas não gostaram de ver o Centrão com tantos ministérios e lideranças e usaram a eleição para tentar virar o jogo.
2. O Centrão encolheu, mas ainda tem os 170 votos dados a Rogério Rosso. Talvez não mereça mais a hegemonia conquistada na era Eduardo Cunha, mas vai chiar quando perder, por exemplo, a liderança do Governo na Câmara, o que é provável. Temer vai ter que se equilibrar entre dois blocos antagônicos para governar, já que a turma da ex-oposição ( PSDB, DEM, PSB e PPS) agora tem o segundo cargo da República, depois de vinte anos fora do jogo.
3. O walking dead Eduardo Cunha saiu do plenário com o destino selado – a cassação. É aí que mora o perigo para o Planalto. Cunha perdeu o poder na Câmara e o que lhe resta agora é a capacidade de destruição de quem pode não ter mais nada a perder.