O presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati, virou bola da vez depois da veiculação do programa do partido ontem à noite. Mas qual foi o erro de Tasso? O programa reconheceu erros, disse que Michel Temer não está conseguindo governar, falou em presidencialismo de cooptação, defendeu o parlamentarismo e mencionou negociações escusas mostrando bonequinhos com cifrões no lugar dos olhos. Tem alguma mentira? Todo mundo sabe que não.
Mas tamanha sinceridade não é normal, e levou ministros e deputados governistas a criticar Tasso publicamente e exigir sua deposição do posto. O chanceler Aloysio Nunes disse que o programa é uma “crítica vulgar” e que deve ter levado o PT às gargalhadas. O ministro das Cidades, Bruno Araújo, afirmou, em nota, que não se sente representado pelo programa. O Planalto divulgou aos quatro ventos seu descontentamento. O Centrão não perdeu tempo e voltou a pressionar Michel para tirar o PSDB do governo.
Trata-se de mais um episódio em que o PSDB expõe sua agora irremediável divisão interna, reforçando avaliações de que não chegará inteiro a 2018 e jamais será o mesmo. Pouco importa se Tasso Jereissati continuará ou não à frente do partido. No quesito biografia, aliás, o senador vai acabar saindo ganhando dessa história, sobretudo se for saído por falar a verdade.
E Michel Temer sairá com o troféu pela façanha sempre ambicionada mas jamais realizada pelo PT: destruir o PSDB.