O PSDB não desistiu, candidamente, de ocupar a presidência da Câmara no biênio 2017/18, para apoiar a reeleição do deputado Rodrigo Maia, como pode parecer pelas declarações de alguns de seus caciques. Na verdade, os tucanos vem até lembrando, nos bastidores, que ao entrar no governo obtiveram compromisso de Michel Temer de que teriam seu apoio para comandar a Casa a partir de fevereiro do ano que vem.
No momento, porém, o PSDB não quer bater de frente com o atual presidente da Câmara, que articula sua reeleição a todo o vapor com base no argumento de que não está incluído na vedação constitucional que proíbe a recondução em meio de mandato porque foi eleito para um mandato-tampão.
Nem os tucanos, nem o Planalto e nem qualquer força do establishment político – incluindo aí o PT e oposições – querem contrariar Maia no momento em que ele tem nas mãos o destino do projeto que pode anistiar o caixa 2 e outras propostas que podem aliviar a situação dos políticos envolvidos na Lava Jato, como a regulação dos acordos de leniencia que podem livrar de punição penal executivos das empresas envolvidas. Trata-se de uma questão de sobrevivência para os principais partidos e para o próprio governo, e o presidente da Câmara tem poder de vida e morte sobre tudo o que será votado.
Passado isso, de uma forma ou de outra, é que a briga vai começar de verdade. Por enquanto, os tucanos estão usando a condicional constitucional para deixar em suspenso seu apoio a Maia. Estão, no fundo, apostando que, apesar dos melhores pareceres dos maiores constitucionalistas, a tese da reeleição de Maia não vai vingar, assim como não vingou a tentativa de João Paulo Cunha e José Sarney em 2004 nesse sentido. Há sempre uma gama de interesses envolvidos nisso, e as ambições pelo cargo são muitas.
Na hora do pega pra capar, o Planalto vai ficar numa saia justa. O PMDB de Temer e os ministros planaltinos apoiam Maia, mas Michel comprará uma briga feia se recuar no compromisso com os tucanos de Aecio Neves.