Foi apenas um aquecimento, mas as três horas de julgamento do TSE nesta terça já deram pistas do que poderá acontecer na sequência. O relator Herman Benjamin foi o dono da festa. Brilhou, com seu relatório enxuto, recheado de observações sobre a necessidade de se zelar pelo voto popular na democracia, papel da Justiça Eleitoral.
Benjamin, claramente pela cassação, reinou praticamente sozinho neste primeiro dia, entre elogios de Gilmar Mendes e o respeito dos demais colegas, que concordaram com a derrubada tranquila de quatro das preliminares interpostas pelas defesas. Pois é, bom demais, na linha de que, quando a esmola é boa demais, o santo desconfia. E o dia de glória pode ser a véspera da derrota.
Toda essa boa vontade e a falta de questionamentos indicam que outros ministros talvez estejam se resguardando para entrar em campo mais adiante contra o relator, em momento mais decisivo do julgamento, possivelmente a preliminar em que a defesa pede a retirada do processo dos depoimentos de Marcelo Odebrecht e do casal Monica Moura e João Santana – dos quais o TSE teve conhecimento via vazamentos na imprensa, quando só então decidiu convocar essas testemunhas.
Para bons observadores do TSE, ficou claro até de onde virá o questionamento: do ministro Napoleão Maia, que ensaiou falar sobre o assunto na última preliminar da noite, sobre a ordem – apenas a ordem – de convocação dessas testemunhas. Napoleão, voto contado a seu favor pelo Planalto, mostrou que deverá contraditar a inclusão desses depoimentos e até pedir vista do processo se não tiver certeza de ter a maioria para desidratar o processo com sua retirada. Gilmar Mendes estará na sua retaguarda.
Sem as delações do casal de marqueteiros e de Odebrecht, as provas de irregularidades na chapa Dilma-Temer se fragilizam e a tendência passa a ser pela absolvição.
Quem viver, verá. E não vai precisar esperar muito. Mas o Planalto foi dormir mais tranquilo.